22.11.09

Apocalypto, Mel Gibson

-Trailers de cinema

Eu não costumo fazer resenhas sobre filmes dos quais não gosto. Mas Apocalypto(2006) de Mel Gibson realmente me irritou. Esqueça as atuações divertidas em Máquina Mortífera e Mad Max, Gibson, no papel de diretor, é um pé no saco.

Tudo começou com o super polêmico “A Paixão de Cristo”(2004, terceiro filme de Gibson como diretor). Não consegui assistir inteiro de tão monótono que era. Uma sequência interminável de espancamento e tortura exercida por judeus caricatos. Mas rapaz, que insensibilidade, espancamento monótono? É horrível dizer isso, mas a mão pesada de Gibson faz do martírio de Cristo algo tão sonolento como uma sessão do Senado brasileiro.




E lá vamos nós de novo com a visão de mundo caricatural e exótica de Gibson chegando às telas mais uma vez. Eu estava no ônibus, sete horas de viagem rumo ao sertão que é Penápolis, quando as imagens de um grupo de índios caçando apareceram na tela. Eles são uma tribo que vive no entorno do império Maia. “Caçaram com seus pais naquela floresta e o farão com os filhos de seus filhos”. (Zzzzzz) Cenas cotidianas e pastelão dão o tom de “vida feliz” na aldeia. Um dos índios, estéril, é sacaneado pelos colegas e pela sogra. Até que os malvados Maias atacam a aldeia. Parece o último filme do Rambo. As mulheres são curradas, as crianças arremessadas, os homens escravizados, a bucólica aldeia é queimada. Os Maias(posteriormente massacrados pelos espanhóis) não eram tão inocentes como nos ensinou a História. Ah, entendi, assim como os judeus de “A Paixão de Cristo”, né, Mr Gibson?

Seguimos então com os escravos sendo humilhados até chegarem à excêntrica capital do império. Indiana Jones não seria tão exagerado. É um reino grotesco. Um aleijado rouba frutas, um anãozinho saúda os sacerdotes, crianças pestilentas rogam pragas, mulheres com dentes podres, índios fanáticos, um homem trabalha até vomitar sangue. O império está em decadência e a única solução é o bárbaro sacrifício humano dos prisioneiros.(Ou o extermínio promovido pelos espanhóis, que no filme chegam altivos, em seus imponentes barcos, com um padre ao seu lado, é claro.) E dá-lhe sangue, cabeças decapitadas e corações arrancados. Uma civilização selvagem. O herói tem uma chance de escapar e corre ferido para a floresta. Voltamos, então, para o primeiro filme de Rambo: “Programado para matar”. Meia dúzia de soldados estão atrás do bom selvagem. Ele está em seu habitat. Foi provocado, apesar de honrado terá que matar. Seus meios: armadilhas e estratégias de guerrilha que vão derrubando um a um seus perseguidores.

No final, como Peri e Ceci, como Adão e Eva, nosso bravo herói sobrevive ao “Apocalypto” junto à mulher e sua prole.

¬ _Devemos conhecer os espanhóis, amoreco?
_ Não, vamos para a floresta, recomeçar a nossa vida.

Sim, quem sabe algum dia seus descendentes apareçam nas florestas da América Latina como um Noé do século XXI pós-dilúvio. Pobre do espectador que não poderá recomeçar a sua vida, eliminando esse filme de sua memória.

-"This is it" documenta ensaios para última turnê de Michael Jackson

4 comentários:

Bárbara dos Anjos Lima disse...

Que bom que eu dormi!

Lílian Cristina disse...

Você não entende é nada de nada. Será que leu a bíblia toda? E se leu, compreendeu? Com certeza, não. Se tivesse compreensão da vida de crito teria podido ver o quanto o Mr. Gibson foi fiel aos fatos históricos tendo a coragem que nenhum diretor teve até hoje, mostrar como era de fato uma crucificação na época de Jesus. E quanto a Apocalypto? Você já leu, já estudou a cultura Maia? Leu sobre seus rituais e o sobre a decadência dessa civilização? Pelo que i, com certeza, também não. Falou foi besteira. O Ms. Gibson ´realista em seus trabalhos históricos e emboa possa chocar, ele nos sacode, nos mostra a verdade da época e faz com que nos questionemos e façamos o mesmo em relação ao mundo em que vivemos.
Será que você, ao se olhar no espelho, não reconhece uma ponta de inveja do Ms Gibson? Será que você não é intimamente um diretor frustrado? Reflita. É melhor, para não continuar a ser injusto e a falar asneiras.

Frico disse...

Olá, Lílian. Toda crítica sobre arte gera revolta, ainda mais quando se fala de religião. Conheço o Novo Testamento onde são narrados os fatos de "Paixão de Cristo". Se é um fato histórico ou não(como você escreveu), isso já é uma outra conversa. Não discuti se Mel Gibson foi fiel ao que está escrito lá. Acho que MUITOS outros filmes mostram a vida de Cristo de forma melhor. Essa é minha opinião PESSOAL, como tudo que escrevo nesse blog. Já quanto ao Apocalypto, me desculpe, mas acho que foi você que não estudou a cultura Maia. Eles tinham seus rituais, sim. Assim como Incas, Astecas e outros povos que habitavam a América. Isso faz deles monstros? Mr Gibsobn explicou esses rituais? Qual o contexto? Mas, a igreja católica também queimava hereges vivos na época da Inquisição e torturava inocentes. Mesmo assim aposto que um filme onde a Igreja fosse mostrada como formada por padres banguelas, assassinos e deficientes físicos(mostrados de forma depreciativa) seria muito criticado, não? E sobre ser um diretor de cinema frustrado: sou jornalista. E é isso que jornalistas fazem: escrevem. Na maioria dos casos(como expliquei na resenha) minhas críticas são positivas, pode ler o resto do blog. Infelizmente achei Apocalypto um filme realmente ruim. Obrigado pelo seu comentário. abraço

Anonymous disse...

Da resenha da revista Veja: "E, ao mesmo tempo, causa certa admiração que o diretor não tenha pudor em conjurar assim suas visões supersticiosas do paganismo."
http://veja.abril.com.br/240107/p_102.html

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