30.1.08

Baixe músicas do Cavalera Conspiracy



Fãs de Sepultura do mundo todo uni-vos! Os irmãos Cavalera estão tocando juntos novamente e duas músicas já vazaram na net!

Os link pra você ouvir essa reunião familiar estão aqui:
http://roadrun.com/shared/downloads/CavaleraConspiracy/CavaleraConspiracy-Sanctuary.mp3

http://www.roadrunnerrecords.co.uk/shared/downloads/CavaleraConspiracy/C%20Cons%20Inflikted.mp3


A banda chama Cavalera Conspiracy e o cd Inflikted. O som parece o velho Sepultura, bem pesadão, com a bateria comendo solta! Depois que você fizer o download comenta ai embaixo o que achou!

-Baixe o disco Inflikted completo!

24.1.08

Monty Python em busca do Cálice Sagrado, Terry Gilliam e Terry Jones *****



Fui criado com meus pais falando como adoravam os filmes “A Vida de Braian” e “Em Busca do Cálice Sagrado” do Monty Python. Na faculdade alguns amigos alugaram o primeiro filme do Python com os melhores momentos da série de TV. Agora, na Editora Abril, a adoração ao grupo é unânime do mais bobo ao mais cool, todos adoram os humoristas britânicos que alcançaram sucesso mundial nos anos 70. Então, imagine minha decepção ao assistir pela primeira vez um filme da trupe(Monty Python e o Sentido da Vida de 1983) e achá-lo apenas “ok”. Eu devia ser muito burro mesmo. Justo eu, que sempre gostara de ver e fazer humor... Bom, meu amigo Marquito me emprestou há um mês ou mais o segundo filme dos caras “Monty Python em busca do Cálice Sagrado”, de 1975, o primeiro feito exclusivamente para o cinema. Depois de muita enrolação coloquei o dvd pra rodar e esperei conseguir descobrir a genialidade escondida ali. Não precisei fazer esforço. “Em Busca do Cálice Sagrado” é recheado de piadas boas(desde os créditos iniciais), sacadas na forma de narrar a história, nonsense, pastelão, pequenas críticas as instituições e um ritmo fluente que no final te faz ficar com aquela sensação (clichê) de “já acabou”?

Escrito pelos 6 Python (Terry Gilliam, Terry Jones, John Cleese, Eric Idle, Graham Chapman e Michael Palin) e dirigido pelos dois Terry(Sendo que o Gilliam começou como cartunista da revista Mad e hoje é diretor respeitado de filmes como “Brazil” e os “12 Macacos”), o filme conta a história do valente Rei Arthur(que está sempre à pé simulando cavalgar um cavalo, com seu escudeiro atrás batendo dois cocos para fazer o barulho do animal) que reúne os cavaleiros da Távola Redonda( Sir Bevedere, Sir Lancelot, Sir Robin e Sir Galahad) e sai em busca do Santo Graal, missão que recebeu do próprio Deus. A partir daí segue-se uma saraivada de piadas que detona a Idade Média, os contos de cavalaria e lembra bastante o filme italiano “O Incrível Exército de Brancaleone”, de 1965(que por sua vez lembra bastante o livro Dom Quixote). Assim como no filme de Brancaleone, algumas animações com referências da arte da Idade Média, são usadas para dividir os “capítulos” da saga do Rei Arthur. No entanto, todas essas ilustrações são acompanhadas de piadas que as esculacham. O filme é cheio de metalinguagem, com os personagens constantemente conversando com o espectador, fazendo referências à cenas específicas(“Olhem lá é o velho da cena 24”) e à produção do filme(“De repente o cartunista tem um infarte”). Sem falar dos inimigos que os heróis tem pela frente como os clássicos “Cavaleiros que dizem Ni” e o “Coelho Assassino”.

Uma mistura de linguagens e estilos humorísticos que influenciou grande parte dos filmes dos anos 80, que usaram a fórmula de avalanche de piadas e massificaram em coisas mais comerciais como “Corra que a polícia vem ai”.
Abaixo você assiste o trailer do filme:



-Mais trailers legais

20.1.08

Procurando sexo numa noite chata.

-Leia mais contos

_Abra a boca, senhor Ernesto, um pouco mais. Isso! O senhor assistiu o jornal ontem? Mataram aquela freira que defendia os sem-terras.

O dentista sempre pergunta coisas que a gente não pode responder, não com todos aqueles aparelhos e brocas enfiados na garganta. Eram duas: a dentista e sua assistente. Pareciam saídas de um programa humorístico. Faziam piadas o tempo todo, comentários que você não podia responder. Eu poderia comer as duas, sem dúvida. Juntas. Minha cabeça doía. E minha boca ainda tinha um gosto estranho. Ressaca...

Tínhamos comemorado o aniversário do Marcelo ontem. Como nos velhos tempos. Os quatro amigos sentados em um bar naquela quentíssima cidade do interior. Cidade de terceiro mundo na entrada do século XXI. A cerveja era barata e tinha uma faculdade fuleira lá em frente. Passavam umas moças de minissaias e a gente ficava feliz só de ver. O Lucas e o Flávio estavam lá sentados. O Flávio tava virando intelectual e lia um livro atrás do outro. O Lucas estava virando velho e estava mais gordo e mais careca que nunca. Ia morar junto com a namorada agora. C'est la vie. Pedimos mais cerveja e brindamos mais um ano do Marcelo.

Passou meia-hora e chegaram mais conhecidos no lugar. Convidaram a gente para sentar, mas eu não queria. Gente CHATA, conversa desinteressante. É horrível fingir interesse por alguma merda desinteressante. Setenta por cento das pessoas no mundo são CHATAS, eu acho. Setenta e cinco por cento vai! As mulheres bonitas podem ser um bocado CHATAS, mas os caras sem chance! Nunca comeria um cara, ainda mais um cara CHATO. Às vezes, eu finjo interesse e encaro uma conversa com um desses tipos. Uma conversa que não vai me levar a lugar nenhum a não ser uma enxaqueca e a sensação de ter perdido o dia todo inutilmente. Sem fazer nada. Odeio fazer coisas por obrigação. Burocraticamente. Gosto da vida com paixão.

O dono do bar tava expulsando a gente. Certo. Um dos caras disse pra irmos prum bar de putas. Ninguém tava afim, ainda. Fomos pra outro lugar aonde tinha uns músicos CHATOS com violão e teclado. Tocando canções populares e CHATAS. E cobravam “couvert artístico” a mais da gente. Eu queria que eles abaixassem o som. Dava vontade de pagar pros bastardos ficarem quietos. Tudo bem, chegamos tarde e eles logo pararam de torturar. Mais cervejas, conversas CHATAS. To com um puta buraco no estômago e sem grana. Nunca saio com muito dinheiro porque nunca tenho muito dinheiro. Sempre tenho que escolher entre beber ou comer. E na maioria das vezes acabo bêbado.

Bom, estão expulsando a gente daqui também. O dono do bar não parece ser um cara bem decente. É um japonês explorador e sempre erra o troco. Sempre dá dinheiro a menos. Puto! Os casais que estavam com a gente dão o fora. Casais são CHATOS e usam apelidos carinhosos o tempo todo, isso me arrepia. O amor é ridículo. Eu sou ridículo quando amo e chamava minha pequena de “bebezinho”. Ponto. Matem o autor. Ele é um tremendo CHATO.

_ Vamos atrás dumas putas!
_ Nada disso. _ Eu digo. _ Não pago por sexo.
_ Foda-se, a gente só vê elas dançando. No Star Drinks é dez reais com direito a uma cerveja e striptease.
_ Não tenho dinheiro nem pra comer um lanche, quanto mais uma mulher. E na minha situação um lanche é mais quente que uma mina.
_ Vamos pro bar da Márcia então, lá a entrada é grátis e pode ter uma puta cansada a fim de conversar e fazer uma chupeta de graça.
Nessa hora todo mundo era macho: o Lucas que tinha namorada e não traía, o Lorival que tava fazendo a proposta e também tinha namorada, o Porcão que era um gordo CHATO. Todo mundo menos eu, que tava cagando de fome.
Entramos nos carros. Noite quente, cidade vazia. O álcool só aumenta a solidão, estimula os hormônios. O desejo é um demônio que espreita o ser humano. Juventude e drogas só liberam o monstro. Dois carros na rua. Dois caras no da frente, quatro no nosso. Um pedaço de mau caminho, mini saia, sonhos possíveis e cabelos loiros adiante. Todo mundo grita como um bando de porcos! Assovios, juras de amor. Ela ri, de longe tem no máximo vinte anos.

A noite não está tão CHATA assim.

Peço pro Lucas parar. Ela continua vindo na nossa direção. Grito: “Ei moça, quer uma carona”. Nada. Ela mais perto. O Flávio repete. A pequena sorridente: “Ah, vou aceitar”. Entra no carro. Testosterona no ar. Paus enrijecidos. Imaginação levando até uma orgia.

_ Aonde você tava indo?
_ Tava procurando um bar aberto.
_ Onde você mora?
_ Moro em X (X é um bairro bem distante!).
_O que você ta fazendo aqui?
Silêncio.

O cheiro dela é uma mistura de suor, perfume vagabundo e álcool. Sexo pago. Ela parece estar entorpecida. Não esbanja muita reação. Responde às perguntas de forma burocrática. CHATA. Meu pau amolece. Chegamos de volta à rua do segundo bar. Paramos. Ela desce e os dois do outro carro também. O Porcão fala com a moça. Ela vai comprar cerveja. Sandalinha. Blusa de alcinha. Senta com as pernas abertas. Olhar perdido.

_ Porra! Como vocês deixaram essa mina ir embora? Vocês tinham que ter segurado ela. Começar a passar a mão no carro mesmo!
_ A culpa é do Ernesto!
_ É, vacilão! Ela deveria ter ido do meu lado!
A moça volta, nem anjo e nem demônio. Pra dizer a verdade nem parece humana. Um pedaço de carne pros caras devorarem. Um zumbi pra mim. Zumbi sem desodorante. Já não me excito com suas pernas roliças ou sua bunda carnuda. O gordo joga sua lábia. Parece um rinoceronte, barriga enorme, sua muito. Ela conta sem descrição quantos caras são.
_ Você não quer sair com a gente?
_ Fazer o quê?
_ Tomar uma cerveja, conversar...

Segundos de relutância. “Tá certo, mas eu vou com vocês que o outro carro ta meio apertadinho.” Capto a mensagem. O outro automóvel é um carrão, um Golf. Falo pro Lucas que é melhor irmos embora. Ele quer seguir o Lorival. Todos querem devorar a loirinha. Paramos numa rua escura. Os dois carros emparelhados. Eu só ouço alguns sussurros. Os vidros traseiros fechados. O gordo bolinando a moça. A voz do Lorival: “E, ai?” “Você agüenta seis?” “Tá certo”.
_ Pessoal, ela quer quarenta reais!

Quarenta conto?! Tô fora! Prometi pra mim mesmo segurar a onda no sexo, se estivesse limpo de AIDS. Não tenho coragem suficiente. Sexo em tempos de HIV é uma merda e tanto.
_ Cara, eu vou broxar se comer ela com vocês. Imagina o gordo pelado! – É o Marcelo.
_ Eu tenho namorada. _ O Lucas.
_ Eu como._ O Flávio.

Flashback. O diálogo que se passou no carro. Câmera fechando na cara do Lorival.
_ E ai, os pega?
_Que pega?
_ Os corre.
_ Que corre?
_ Os pega do corre.
_ Não to entendendo, moço.
_ A gente quer te comer..
_ Ah... Eu não vou dar pra seis caras de graça...
_ Quanto você quer? Vinte reais?
_ Vinte é muito pouco, dez reais de cada um, assim eu posso comprar o material escolar.
_ Quantos anos você tem?
_ Dezoito.

Ela tem no mínimo vinte e três anos agora, vendo de perto. Cara cansada.
_ Quarenta reais!
_ Quarenta ta bom.
_ Você agüenta seis?
_ Agüento. Mas vai um de cada vez, né?
_ Isso depende da empolgação na hora.
_ Hum... Moço, pede pros seus amigos me deixarem em casa depois.

Volta pros carros emparelhados. Ninguém é mais macho.
_ Deixa quieto, então. Ela pediu pra deixá-la de volta no segundo bar.
_ Deixa ela aí... _ o Lucas.
_ Vamos voltar, lá!

Voltamos. Eu to quieto. O Flávio xinga: “Eu comia, eu comia”! Nem a pau! Os caras deixam ela. Mal a mina sai e eles reclamam: “Que catinga!” “Fedorenta!”. Fico com dó. Mas da pra sentir o cheiro saindo das janelas abertas. Paramos em frente ao primeiro bar. Tá fechado agora. O Marcelo distribui cigarros, todos fumam a derrota. Ninguém é mais macho. O Lorival tira o corpo fora. Eu digo:
_ Ela queria os dois, vocês deviam ter ido com ela.
_ Nem a pau! O Porcão que queria comer ela.
_ Eu não! Credo! Só pus a mão nos peitinhos, se não tivesse fedendo quem sabe...

Sentava com as pernas abertas, só não pus a mão lá, porque fiquei com nojo...
Ninguém é mais macho, são todos CHATOS. Fim de uma noite CHATA, em uma cidade CHATA. Ponto final em mais um de meus chatíssimos Kontos.


06/03/05.

Chiclete com Banana - Angeli

Quase vinte anos depois o mundo dos quadrinhos não abortou outro feto tão engraçado.




Faltam quadrinhos nacionais nas bancas. Faltam boas revistas de humor também, se você tem mais de catorze anos e já não acha graça na MAD....Certa vez, numa palestra com o Fernado Gonzalez em Bauru, alguém propôs a ele fazer uma revista junto a outros cobras como Laerte e Angeli. Ele rodeou, rodeou, mas não conseguiu dar uma boa desculpa para não tocar o projeto. Por quê? Porque se alguma dia isso acontecesse seria um sucesso. Ou melhor, já foi.

Eram os anos oitenta e quadrinhos de massa no Brasil se restringiam a Turma da Mônica. Havia o punk, havia a "abertura política" e a cultura pop estava se espalhando pelo país. Fome e rock n' roll. Em meio ao caos, uma trupe de novos chargistas vindos do quadrinho político (entre eles Angeli e Laerte) se depararam com a contra-cultura (pelas mãos de Glauco) e passaram a espalhar seus rabiscos pelo país. Angeli foi o primeiro a lançar-se em vôos independentes. Desenhando na Folha de S. Paulo desde os 17 anos, ele publicou livros com suas charges que foram sucesso. Foi o estalo para que seu editor, Toninho Mendes, o convidasse para um título regular nas bancas em 1985.

-Conheça "Ódio" a HQ da geração grunge
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A "Chiclete com Banana", bimestral, foi lançada pela editora Circo e era uma pérola de sarcasmo e bom humor. Tudo que a MAD brasileira fez depois estava lá, desde as tiras de uma página nas contra-capas às piadinhas com os preços passando pela sessão de cartas bem humoradas (ilustradas por desenhos toscos dos leitores) e pelos relatórios nonsense que o Ota copiou. Isso tudo pelas mãos de mais aplicado discípulo tupiniquim de Crumb: Arnaldo Angeli Filho.

A produção da Chiclete era tosca. Nada de pagemaker ou super equipes de arte, era tudo montado pelas mãos de Angeli num esquema que lembrava os fanzines de onde o próprio Angeli havia surgido(zine O Balão). No entanto, a primeira edição esgotou sua tiragem, que dobrou na segunda e na terceira novamente. A revista, que vinha com um selo de "aprovada no código de ética" para adultos, chegou à histórica marca de 110.000 exemplares, número nunca igualado por uma HQ independente no Brasil. As histórias recheadas de sexo, palavrões, drogas e violência podem não causar tanto arrepio hoje, mas na época eram um grito de subversão numa sociedade acorrentada por vinte anos de ditadura. O estilo underground da revista quebrava o padrão de humor brasileiro que não tinha nem nas tiras de Belmonte nem na turma do Pasquim um antecessor a altura da anarquia proposta por "Angel Villa". Com o crescimento da cria de Angeli, novos colaboradores deram as caras: Paulo Caruso, Glauco Matoso, Hubert, Glauco e Laerte. Esses dois últimos criaram com Angeli uma das mais bem sucedidas tiras do Brasil: Los Três Amigos, que estrearam em uma "edição especial em duas colores e dublada em portunhol e espanhes" na Chiclete com Banana número 20!



Los Três Amigos eram alter-egos dos autores, cada um com características de seus criadores: Angel Villa era o conquistador de araque, Glauquito o doidão e Laerton el maricon. Maricon no, transformista! Como ele mesmo dizia. Os mariachis assassinos distribuíram balas pelo México muito antes de Antonio Banderas e a "Balada do Pistoleiro". Assassinando Miguelitos (pequenos garotos com chapelão mexicano), atacando donzelas inocentes e enrabando seus cavalos, os três espalharam terror e risadas com seu humor ácido, violento e completamente sem moral. Ganharam posteriormente as páginas do caderno Folhateen por onde reinaram anos seguidos sempre gerando polêmica. Voltando a Chiclete com Banana...

A revista publicada pela Circo trazia além de charges, matérias humorísticas, fotonovelas, anúncios feitos especialmente para o Pasquim, entre outras porra-louquices. Os personagens clássicos de Angeli estavam todos nas páginas sangrentas da Chiclete, cada um representando um tipo comum na sociedade brasileira da época : Rhalah Rikota, Rê Bordosa, Walter Ego , Meia Oito e o punk Bob Cuspe. Bob era pra ser no começo uma sátira aos punk paulistas, mas seu criador acabou se identificando tanto com o personagem e a ideologia do mivimento que logo a revista se tornou a preferida de punks e headbangers. Muito antes da "Metalhead" e "Rock Brigade", fãs de rock mandavam cartas atrás de contato com outros fãs. Metaleiros pediam um personagem cabeludo e punks detonavam o sistema em cartas seriíssimas. Sintam o drama :

"A sua revista Chiclete é uma chance dada aos punks de todo o mundo. Agora, estes filhos da puta, metal, heavy, black, new waves, querem atrapalhar nosso espaço. Na MAD eles encontrarão um espaço, aqui não, fora, foraa, foraaa!"
Lula Borozão, Brasília, DF.


Ou

"Sou um black metal revoltado e acho pagode coisa de viado. Pau no cu dos pagodeiros".
EFA, Embu, SP.


Sem contar cartas enviadas por punks de um kibutz em Israel ou uma sessão toda destinada a cartas detonando a MAD. Surreal? O ano era 1987 e ainda tinha uma foto de uma leitora de costas mostrando a bunda ilustrando a página. Quem tem a manha hoje em dia? Quem tem a manha de detonar o Lulu "Argh" Santos com todas as letras e colocar Freud de moicano na capa??

As 52 páginas de cuspe na cara que saíam a cada dois meses duraram até a edição 22 e deram força para o surgimento de diversas outras publicações semelhantes como a revista "Circo" e a "Geraldão" (do Glauco), todas seguiam a linha inovadora criada por Angeli em sua revista. Ele mesmo admite que o seu caráter centralizador de querer fazer tudo sozinho acabou dificultando a produção regular do título; e também logo vieram as crises que abalaram a economia no final dos anos 80, diminuindo o poder de compra dos leitores ávidos por quadrinhos.



Plano Collor, sertanejo nas rádios, democracia. O cenário era diferente nos anos 90 para quem havia surgido na década passada. Não que os quadrinhos de Angeli não se atualizassem, mas o formato de revista regular se tornou inviável. Uma nova década viria junto com quadrinhos online e editoras especializadas em lançar álbuns de quadrinistas como Lourenço Mutareli, mas a Chiclete com Banana ficou na memória daqueles que puderam sentir o cheiro junkie do papel "pulp fiction" de suas páginas.

Veja também:
-Te gustas el punk rock?
-Homenagem ao cartunista Glauco


Frederico Di Giacomo Rocha
08 de Maio de 2004

18.1.08

O que é baderna? - vídeo




Mais um trecho do programa Baderna que eu produzi com a galera de Bauru no cada vez mais distante ano de 2005.

14.1.08

Paranoid Park - Gus Van Sant


To aproveitando as férias pra rechear o blog com posts gigantescos que me enchem de satisfação pessoal, mas ninguém lê... He,he, he. Como sei que poucos tem saco para encarar mais de três parágrafos na internet ai vai um mini-post:
Assisti o primeiro filme foda de 2008: Paranoid Park do Gus Van Sant. Legal ver um filme autoral numa época em que cinema de autor é raridade. A linguagem de Van Sant segue a linha do Elefante, com umas quebras do ritmo do filme substituido por momentos lentos, cenas que parecem um ballet de skates simulando filmagens amadoras, e pequenas sacadas nos diálogos aqui e ali(como a reação dos jovens skatistas frente às fotos do cadáver ou a conversa do protagonista sobre a guerra do Iraque).
O mais perturbador é a ótica pela qual vemos o "assassino", que parece mais uma vítima atrapalhada de um acidente do que um psicopata juvenil. E você torce por ele e pensa que poderia acontecer contigo ou com teu filho. E esse texto já tem 3 parágrafos. FIM!


Assista o trailer aqui:

A ilha - Fred Di Giacomo

Ilustrações de Sabrina Barrios feitas originalmente para o blog Clube de Ideias

Fazia muito tempo que estavam ali: o jovem e a menina. Tanto tempo que já nem sabiam mais o que tinha acontecido direito. Eram os únicos sobreviventes de um naufrágio, disso tinham certeza, do resto não lembravam muito: se eram parentes, se haviam se conhecido no acidente, se viajavam de barco ou avião. Nem do seu nome recordavam-se, perderam-se, assim, sem passado, sem memória e sem nomes, tiveram que inventar de novo a vida. Às vezes, a menina sonhava com a mãe. Não lembrava direito, mas entendia o que era uma mãe, quando sonhava sentia o cheiro de proteção e o calor do afeto. Ela devia ter por volta de cinco anos e ele quinze. A diferença de idade os afastava. Não podia ser seu pai, e nem seu amante, estava no ápice das descobertas sexuais e sentia muita vontade de ter uma mulher. Decidiram que quando ela fizesse quinze anos poderiam casar, até então seriam como irmãos.

Desejo


A menina inventou que o jovem chamava Desejo e ele a chamou de Utopia. Viviam sozinhos, com as árvores e os peixes, se alimentavam de cocos e frutas e andavam nus. Desejo era loiro de cabelos encaracolados e Utopia tinha cabelos negros curtos e uma pinta na bochecha. Desejo ensinava tudo que sabia a Utopia, sobre o pouco que lembrava da vida antiga e sobre o que aprendia a cada dia na ilha. No começo ele brincava com ela também, mas quanto mais Desejo crescia, menos queria ser criança. Quando Desejo fez dezoito anos começou a sonhar que Utopia era uma moça grande, com boca carnuda e seios fartos, os dois dormiam juntos e tinham uma porção de filhos. Às vezes, o rapaz acordava excitado pelo sonho e sentia vergonha. Resolveu,então, que era melhor os dois dormirem separados e construiu uma divisória na cabana. A menina não entendeu direito porque Desejo tinha feito uma divisória e por que o Desejo se cobria, agora, com uma folha. Foi por esses tempos que ela conheceu dois amigos imaginários: A Vergonha e o Pudor. Mas logo, Utopia se encheu dos amigos, ela não gostava da Vergonha e achava o Pudor muito sério. Ficou mais alguns anos amiga de Ninguém, até que ficou brava. Porque Ninguém nunca estava lá quando ela precisava e Ninguém falava muito com ela. Ninguém sabia por que Desejo tinha coberto seu corpo e Ninguém contava pra ela. Utopia achou que Desejo e Ninguém eram bobos e foi brincar com outros amigos.

A tristeza da menina era porque naquela ilha, ela sem Ninguém só tinha o Desejo e o Mar, e então começou a ficar amiga do Mar. Às vezes ela queria que o Mar fosse seu pai, porque não se lembrava dele direito. Às vezes ela sonhava que era filha do Vento ou da Terra, e que sua mãe era uma virgem como Nossa Senhora, seja lá o que isso significasse... O Mar era seu amigo, e sempre a abraçava e lhe contava segredos, o Mar tinha segredos que não acabavam nunca, e quanto mais fundo ela ia com o Mar, mais ela aprendia.

Desejo ignorava que Utopia tivesse tantos amigos, na sua cabeça de quase adulto ele via a menina brincando sozinha, e ficava com pena. Às vezes, construía algum brinquedo pra ela com madeira e bambu. Sempre que completava um ano do acidente eles comemoravam o aniversário dos dois. Desejo fazia uma festa e pescava um peixe, ficavam ele, Utopia e mais Ninguém na praia contando as estrelas. Quanto mais Utopia crescia, mais o moço se apaixonava por ela. Desejo sempre falava do tempo em que os dois se casariam , ele esperava aquilo com muito afinco. Quando Utopia menstruou pela primeira vez, Desejo começou a construir uma casa maior para os dois morarem juntos. E Desejo aprendeu a fazer uma rede pra poder amar Utopia. Utopia parecia não se empolgar muito com isso, mas o rapaz achava que era normal pela idade dela.

Utopia estava então com doze anos e começara a virar mocinha. Sentia-se muito curiosa com seu novo corpo: sangrava uma vez por mês, estava com alguns pelos ralos lá embaixo e sentia dor nos peitos. Um dia acordou com uns biquinhos e, de uma hora pra outra, seus seios começaram a crescer. Sentiu-se mal porque estava ficando diferente de Desejo. Perguntou pra ele, e ele riu, disse que ela estava virando uma mocinha. Utopia não gostava de envelhecer, e quanto mais Desejo crescia, mais ela tinha medo dele. Queria ser criança pra sempre. O único que a entendia era o Mar, olhava pra ele e via seu reflexo, uma moça igual a ela, com seios e pelos lá embaixo. Desejo era tão diferente, incontrolável, e o Mar era tão calmo e sábio. Um dia ela contou pro Mar que estava apaixonada, e que não ia casar com Desejo. Ia fugir de Desejo o quanto fosse possível.

Desejo já estava se tornando homem. Faltava um ano para se casar, então ele tinha vinte e quatro. Já aprendera a pescar, plantar e construir utensílios de madeira, nadava como um peixe e o Mar era seu amigo. Aprendera tudo que sabia com a Natureza, a única coisa que faltava era poder amar uma mulher. O rapaz podia sentir o amor dentro dele, queimava o como fogo, mas era só uma idéia vaga, não era prático. Queria compartilhar aquele sentimento com alguém, mas parecia que Utopia nunca era grande o suficiente. Agora, a menina passava os dias nadando e sempre voltava com um caranguejo ou estrela marinha. Dizia que eram presentes que o Mar lhe dava, e se enfeitava com pedrinhas e corais. Desejo sabia que o Mar era traiçoeiro e tinha medo que um dia ele levasse Utopia. Quando Utopia menstruou pela primeira vez Desejo fez uma roupa para ela. Era pra controlar Desejo, porque ele era um rapaz de palavra e só queria possuí-la depois que casassem.

Utopia

Nesses tempos Utopia já estava apaixonada, o Mar lhe enchia de presentes e em troca ela ficava horas dentro dele.

- Desejo vai ficar muito surpreso, quando descobrir que eu não sou mais mocinha. Por mais que Desejo me tente, eu me entreguei, antes, pro Mar.

O Mar sabia que a moça era dele, ela havia fugido uma vez, mas devia voltar algum dia. Só Desejo podia levar a moça pra outro destino. Um dia o Mar deu a Utopia uma pérola, foi seu presente de quinze anos, serviu como um anel de noivado. A menina, agora moça, jurou pro Mar que só amaria ele e mais Niguém. O Mar pediu que ela só o amasse e ponto. E assim fez.

Desejo estava muito feliz porque hoje era o dia do aniversário dos dois, ele tinha preparado tudo muito bem. Havia feito aguardente com as frutas da ilha, pescado siris, camarões e caranguejos. Construíra sua casa com um quarto grande e uma rede confortável. Fez uma coroa de flores para que Utopia ficasse ainda mais linda no dia de seu aniversário. Mas parecia que Utopia se perdia, quanto mais velha ficava. A moça já mal conversava com Desejo, e os dois nem pareciam irmãos. No dia do seu casamento a menina ficou no Mar toda a manhã e só voltou pra casa de noitinha.

_ Onde você estava Utopia? Eu preparei nosso casamento com tanto carinho, pesquei caranguejos, siris, camarões, teci uma rede e até lhe fiz uma coroa de flores.
_Eu estava com o Mar...
_Você devia ter cuidado com o Mar, ele é traiçoeiro, não esquece que foi ele quem levou a nossa gente.
_ Eles devem estar num lugar melhor do que essa ilha maldita, não agüento mais ver sua cara todo dia, não agüento mais você, Desejo. Desejo me querendo, Desejo me tentando... Eu tenho nojo do Desejo! Eu quero sumir com o Mar.
_Não, fale isso Utopia! Eu te amo tanto! Como você pode falar assim comigo? Eu sempre te cultivei Utopia, como uma flor, e você me despreza como o mais vil dos homens? Minha Utopia, aonde eu errei? Quando eu te perdi?
_ Eu não sou sua Utopia, eu não sou de Ninguém! Eu não tenho dono, eu não tenho destino traçado, foi tudo um acidente...
_ Como um acidente? Você me traiu, Utopia!
_Um acidente, por acaso eu conheci o Mar, e com ele descobri o mundo. Me apaixonei pelo Mar e seus mistérios, o Mar e seus presentes. Eu preciso do Mar. Me identifico com ele, o Mar também tem seu lado feminino, no qual vejo meu reflexo, a Mar. Não só “O” MAR, e a Mar é linda também.
_Minha Utopia, completamente perdida, minha Utopia está morta! Aonde se escondeu aquele sonho? Aonde se perdeu minha menina? Cuidei de ti como o mais valioso dos tesouros, te pus numa redoma de vidro. Num mundo aonde só existíamos você e eu, como evitas me amar?
_Entenda, Desejo, você é muito importante pra mim, mas quero o Mar, entenda, nasci para Mar e dele sou parte, nele encontrarei minha família, meus pais... Não suporto mais morar nessa prisão!
_ Impossível, eu não vou aceitar isso! Você tem que ser minha, eu esperei muito por esse momento!

E Desejo partiu pra cima de Utopia, agarrou-a pelos cabelos, agora compridos, e beijou sua boca vermelha e carnuda. Sentiu seu peito contras os seios da menina, e um calor correu por seu corpo. Desejo enlouqueceu, Desejo estava cego, atirou a menina na areia, e pulou sobre ela. Arrancou a folha que cobria os pelos, já não mais ralos de Utopia e colocou a mão em sua parte de baixo, estava molhada, com água salgada:
_Mas como? Quem?
_O Mar! O Mar entrou em mim, Desejo. Ele me transformou em mulher, antes de você! Há tanto Mar dentro de mim que você nunca vai poder tirar, por isso estou molhada, por causa do Mar. São dele as lágrimas que saem dos meus olhos, salgadas também, eu sou do Mar, Desejo. Você pode me possuir agora, mas nunca vou te amar.
O mar


Desejo tinha quebrado a Utopia, ela estava deitada no chão chorando, encolhida. Abraçada aos joelhos em posição fetal, de seus olhos saíam pequenos pedaços de água do Mar. A pérola que havia ganhado reluzia, presa aos seus cabelos negros. Desejo perdeu, então, o controle, começou a chorar e viu que o Mar também o contaminara. Tentou conter as gotas salgadas que saíam de seus olhos, odiava o Mar, ele lhe roubara tudo: seu passado, sua memória, seu amor, seu tempo. Fez-se amigo do Mar, mas sabia que o Mar lhe destruiria. O Desejo estava dentro do Mar, e o Mar dentro do Desejo. Ficou louco, de vez. Saiu correndo gritando, vermelho. Arrancavas os tufos loiros da cabeça, desesperado. Gritou muito alto e Ninguém ouviu. Aquele dia o Mar estava bravo, agitado, Desejo pulou no Mar com ódio, mas o Mar abraçou-o, estrangulou-o, as lágrimas de Desejo fundiram-se ao Mar. E o Mar entrou em Desejo pelos pulmões, sufocando-o. Desejo sumiu, então, no meio da noite e do Mar.

Utopia ficou perdida na Ilha, a noite toda, e vagou sozinha, sem Ninguém. Estava apaixonada pelo Mar, mas sentia-se mal por ter perdido Desejo. No dia seguinte o Mar já estava calmo, Utopia, solitária resolveu que era hora de ficarem juntos para sempre. Entrou no Mar, e ali ficou, sentindo-o dentro do seu corpo, descobrindo o amor. As ondas levaram-na longe, finalmente o Mar recuperara o que era dele.
***

Da ilha nada mais restou, nenhuma testemunha, Ninguém soube o que aconteceu. Ninguém ficou lá. Só.

20/07/05


10.1.08

O Bandido da Luz Vermelha - Rogério Sganzerla, 1969

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O Terceiro Mundo vai explodir!
Clássico do cinema marginal paulista retrata a história do Bandido da Luz Vermelha

Rogério Sganzerla está morto! Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha que inspirou seu filme também. No entanto, a obra do cineasta continua sendo uma das mais atuais, instigantes e experimentais do cinema tupiniquim. Talvez o principal representante do cinema marginal paulista, ao lado de José Mojica Marins (Zé do caixão), Carlos Reichenbach e Ozualdo Candeias, Sganzerla conseguiu criar seu clássico logo na primeira tentativa. Ainda com 22 anos, o diretor encontrou em 1968 o equilíbrio entre o popular e o experimental fazendo de "O Bandido da Luz Vermelha" um sucesso de público e crítica no Brasil.

"O Bandido da Luz Vermelha" é um filme anárquico, filho do cinema novo e de Orson Welles, cheio de referências a histórias em quadrinhos e rádio jornais. Sganzerla, muitas vezes comparado a Godard, começa sua narrativa de forma linear, utilizando dois locutores de rádio jornal sensacionalista para contar a história do Bandido (vivido por Paulo Villaça) que aterrorizou a elite paulista entrando na casa dos grã-finos para assaltar e estuprar as madames. Com o desenrolar dos 92 minutos de filme a obra vai se tornando cada vez mais simbólica, caótica, aproximando- se em parte do cinema novo de Glauber Rocha, fazendo um retrato do caos tropical em que vivemos. Luz, como o bandido é chamado, vai sendo envolvido em uma trama que incluí até um político, "o primeiro candidato a presidente pela Boca do Lixo", caricatura da vida política nacional marcada em sua realidade por caudilhos e criminosos que se apresentam como "Pais dos Pobres."

Luz Vermelha é um anti-herói: sem valores éticos, sem grandes desejos, tendo diarréias no meio do filme e mesmo assim superior ao delegado Cabeção, o oposto de todo bom policial de filme hollywoodiano, que chega sempre atrasado à cena do crime e é constantemente ridicularizado pelo bandido. Cabeção e seu ajudante formam uma espécie de Dom Quixote e Sancho Pança da polícia brazuca, não chegam a ser corruptos, são apenas ineficientes, partes de um retrato surrealista da nossa realidade. Em uma cena Cabeção vê um quadro moderno na parede de uma das vítimas, e ataca a arte moderna ("Isso não é arte"), revelando seu ódio pela elite que tem que proteger, sendo ele também um membro do lúmpem proletariado como Luz Vermelha (que apesar de não conhecer-se onde nasceu, no filme foi criado em uma favela paulista).

A obra de Rogério Sganzerla é mais contundente ao retratar o povo que seus antecessores do "Cinema Novo", a realidade é mais crua, a linguagem é popular, o cenário é o urbano decadente, as estrelas são os bandidos, as prostitutas, os polícias e os políticos corruptos. E a mídia! Tudo é visto pela ótica da mídia sensacionalista, mãe de Gil Gomes e do "Notícias Populares". A tragédia é vista como espetáculo. O filme, rodado na Boca do Lixo (lar do cinema marginal paulista e famoso por ser reduto de tráfico e prostituição nos anos 60-80), soa como "Terra em Transe" de Glauber Rocha dirigido por Zé do Caixão. E ainda traz frases geniais disparadas por uma metralhadora giratória constante: "O terceiro mundo vai explodir", prega o Anão (profeta da Boca do Lixo), "Quem tiver sapato não sobra", "Quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha". Essas frases continuam atuais em um país onde as classes marginalizadas, sem ideologias que as possam fazer lutar por mudanças estruturais, revoltam-se de qualquer forma, seja através de seqüestros, estupros, ou assassinatos...

As referências a Welles são claras, a fotografia, as cenas iniciais com manchetes de jornais e luminosos, os discos voadores (quem se lembra da célebre peça que Orson Welles pregou nos americanos simulando uma invasão alienígena ao vivo no rádio?), tudo lembra a obra do clássico diretor de Cidadão Kane. Sganzerla era fascinado pelo diretor americano, chegou a realizar um longa e um documentário sobre a vinda frustrada de Welles para realizar o filme It's All True no Brasil. Costumava dizer que se Orson Welles não havia conseguido realizar um filme aqui, quem conseguiria? Sganzerla conseguiu. Produziu em uma época de crise cinematográfica, tornando seus filmes cada vez mais experimentais e criticando duramente as obras padrões de hollywood. Seu segundo filme, A Mulher de Todos, também foi bem recebido pela crítica, mas a partir daí o diretor caiu num filão mais undeground e lisérgico só recuperando seu status de unanimidade com "O Signo do Caos", seu último filme premiado no festival de Brasília. Disse Marcelo D2 (que usou trechos de "O bandido..." em seu disco "Em busca da batida perfeita"): "Morre o nome, fica a fama" . Sganzerla morreu, seu cinema ácido continua vivo para nos atormentar.


Fred Di Giacomo 21/01/2004


Assista o trailer do filme "O Bandido da Luz Vermelha".


-Mais trailers legais

9.1.08

Aniversário

Hoje é meu aniversário.
Aniversário sempre tem um gosto estranho.
Normalmente existe uma expectativa muda de que aconteça algo. As pessoas querem que você fique mais feliz que o normal, querem que você faça uma festa, querem que você sopre a velinha do bolo e que bata palma quando cantam "parabéns pra você" em algum lugar público e constrangedor.
Você diz que não se importa com ligações e que não gosta da data, mas fica esperando telefonemas, scraps, mensagens de celular ou e-mails.

***
Este ano consegui não criar expectativa alguma. 24 anos pra mim sempre foi uma piada pronta. Pior que o dia tem sido bom.

Pirâmide Social.

No
to po
da pirâmide
A burguesia espreita,
suspeita, come caviar e bebe
o sangue ralo da base: A PLEBE.

Chega de Saudade - João Gilberto, 1959



Estou ouvindo agora Chega de Saudade do João Gilbero. Pode não ser o melhor disco da MPB(na eleição da Rolling Stone ficou em quarto), mas é com certeza o mais influente. Mudou a vida de gente como Caetano Veloso, Jorge Ben, Roberto Carlos(o primeiro disco do Rei é de bossa!), Gilberto Gil, Gal Costa e por ai vai... Como diz a última faixa do disco(que inclui os clássicos "Chega de Saudade" e "Desafinado"): "É um luxo só"!

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