30.1.10

“O Complô: a História Secreta dos Protocolos dos Sábios do Sião”, Will Eisner


Olhando para estante torta, cheia de livros e quadrinhos, que ocupa o quarto menor da minha casa, fiquei filosofando em cima de uma “profunda” questão: “quem seria equivalente aos Beatles no mundo das HQ’s”? Frank Miller é criticado por ter ficado muito pop, Manara carrega o estigma da sacanagem e Crumb é muito underground. Existe alguém influente, seminal e respeitado como o quarteto de Liverpool nos terrenos da nona arte? Bom, Will Eisner participou do surgimento da indústria dos quadrinhos em 1930, com “Sheena, Queen of the Jungle”, foi importante nos anos 40 com o revolucionário herói Spirit e ressurgiu, em 1978, com o conceito de graphic novel(romance em quadrinhos) . Hoje você pode ver suas obras no cinema ou no teatro, além de comprá-las nas melhores livrarias.

Tá, ok. Todo esse nariz de cera foi pra provar que, se Will Eisner é a encarnação dos reis do iê iê iê no mundo do Capitão América, “O Complô: a História Secreta dos Protocolos dos Sábios do Sião” é seu “Abbey Road”, seu canto do cisne. Mistura de romance histórico com grande reportagem, o livro de Eisner consumiu 20 anos de pesquisa e foi o ponto final de uma grande carreira que terminou com sua morte aos 87 anos.

-Outras resenhas

“Os protocolos dos Sábios de Sião” foram uma das maiores farsas da historia, um arremedo de teoria da conspiração criado na Rússia do começo do século XX, para usar os judeus de bode expiatório diante dos temores de um czar – Nicolau II - que seria derrubado pela Revolução Russa de 1917. O documento falso, escrito por Mathieu Golovinski, –supostamente um terrível plano judaico de dominação mundial – foi traduzido em dezenas de línguas ao redor do mundo, e serviu de justificativa para pogroms(assassinatos em massa de judeus) e até para o holocausto nazista de Hitler.

Eis as armas do autor contra a propaganda anti-semita: seu traço característico, o texto didático, a pesquisa rigorosa e as sequências de ação quase cinematográficas. Com esse arsenal, Eisner reconstrói os fatos históricos detalhadamente, na tentativa de calar uma das maiores mentiras da história. O esforço do velho Will não deve ser o suficiente para acabar com o preconceito irracional despejado contra o povo judeu, mas rendeu um belo retrato de uma história que simboliza o ditado nazista: “uma mentira repetida diversas vezes acaba se tornando verdade”.

Will Eisner trabalhou até os 87 anos
Veja também:
-Resenha de "Ódio", hq que retrata a geração grunge
-Conheça a história da "Chiclete com Banana"

Nenhum comentário:

Related Posts with Thumbnails