15.12.09

Cowboy lírico e o sorvete de creme - Frico

Neste domingo está rolando a parada gay na Avenida Paulista. Segue uma pequena homenagem beat do Clube à diversidade e liberdade de sexualidade.

O cowboy lírico entra no velho boteco
Toca Bob Dylan no iPod do traveco
"Quero conhaque nacional, meu chapa"
O fora da lei escarra seu pedido na lata

"As coisas estão mudando", diz o garçom
Ele é gay e tem um terninho marrom
"Assistiu "Milk" no espaço Unibanco"
É preto mas transa um playboy branco

Ontem eu saí de mãos dadas com meu homem na Paulista
Ninguém me xingou de bicha, isso foi uma conquista
Espero que um dia meu filho não precise fingir
Que pensa em mulher antes de dormir

"Os dias estão bem mais quentes, né?"
O taxista está suando em bicas debaixo do boné.
"É sim, meu truta, o tempo está louco"
"Temos que fazer alguma coisa, gritar até ficar rouco"

Não sei, será tão ruim um pequeno apocalipse?
Os bons se salvarão num eterno eclipse
Os homens morrem mas o universo segue imenso
Os dinossauros foram pro saco e ninguém ficou tenso.

"Me dá um dinheiro senhor, eu também tenho fome"
Eu tenho dinheiro, mas não dei, hoje ele não come
ver muitas vezes a Mona Lisa faz dela uma puta
Ver muitas vezes a miséria tira a fé na nossa luta.

O Cowboy lírico dispara certeira sua poesia
Cria universos vermelhos de uma gostosa anarquia
Liberdade não é bagunça, diz a pichação na minha cidade
Rita Cadillac rebola celulite e idade

"Gosto de mulher assim, saca? De verdade"
"O que é a verdade, meu querido? Homem é diversidade"
"Você gosta de homem, eu gosto de poesia."
"Sua verdade heterossexual me mata de asia. "

Conhaque agradável, fica saboroso com cerveja.
Essa música do Radiohead faz sentido com tristeza.
Não existe uma verdade, mas existe a felicidade?
Filósofo de boteco, vá beber na faculdade.

Vou ensinar os alunos a serem felizes, ensiná-los o gosto
Da chuva? Do corpo banhado em vinho? Das covinhas do seu rosto?
Não, tenho a felicidade sintetizada num wireframe
Se resume a um pote grande com calda e sorvete de creme

Frico deixa de lado a carcaça branca machista quando sonha que "Espero que um dia meu filho não precise fingir". Além do jornalismo que lhe paga o salário, ele escreve poesias, resenhas e bebe

Um comentário:

Anonymous disse...

Allen Ginsberg disse...
É isso ai, meu chapa!

17 de Junho de 2009 21:29
Anônimo disse...
kkk...muito bom

22 de Junho de 2009 14:32
Energizaizer's disse...
hiperlinks, ufa.

aê, seus gostoso das idéias!

25 de Junho de 2009 09:07

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