31.5.08

Pensamento do dia

"Ele, casualmente, conferiu-me a liberdade de quem não se sente só."
F. Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby.

Ódio, Peter Bagge

(Resenha originalmente publicada nos sites Zine Kaos e The Watchtower, 2003.)

Fede a Espírito Adolescente!!!
Quadrinhos grunges dão voz a geração perdida dos anos 90


por Fred Di Giacomo, eu mesmo

Literatura pop e listas dos 5 mais, sebos e vinis, garotas e álcool, estilo de vida rock n’ roll vivido por “adolescentes” de 32 anos e ódio. Os quadrinhos de Peter Bagge foram o maior sucesso da editora Fantagraphics e caíram nas graças de uma geração de losers fãs de rock independente, que viviam à base de subemprego e cerveja barata. Seu ícone seria o anti-herói Buddy Bradley rodeado por seus amigos freakies Funtum, George, Valerie (a namorada ninfomaníaca) e sua ex, Lisa . Buddy e o Ódio tiveram um significado semelhante para a geração de Seattle ao da revista Chiclete com Banana e do personagem Bob Cuspe, do quadrinista Angeli, para o punk tupiniquim.

Tudo cheira a vida real nas páginas de Ódio, seus traços exagerados, acentuando as expressões dos personagens, são influência do pai dos quadrinhos underground americano, Crumb, e sua narrativa ácida, mesclando escatologia com sacadas inteligentes, retrata fielmente o cotidiano dos jovens que como eu e você viveram os anos 90. As festas, os diálogos, as crises de relacionamento tudo leva a crer que o nanquim da caneta foi substituído por sangue humano, o cheiro de “pisicotrópicos”, fumaça de cigarro e cerveja é o mesmo das festas de repúblicas universitárias. As ambições de Bradley e seu amigo Funtum não são lá grande coisa. Bradley trabalha num sebo e Funtum vive de “bicos” , os dois sonham em ter um fanzine, mas mal conseguem decidir se irão escrever sobre rock ou sobre quadrinhos. Todo jovem envolvido com a “cultura alternativa” vai encontrar algum traço de sua vida na ponta da caneta de Peter Bagge.

Peter Bagge

A crítica se torna mais séria quando entram em cena os irmãos de Buddy: Butch e Babs (ele um jovem fascista americano e ela uma mãe solteira, convertida em fundamentalista cristã), e ai Bagge destila todo seu sarcasmo e ódio contra a sociedade americana. Desse sarcasmo não escapam ninguém, nem os pseudo-intelectuais como George, colega de Bradley, “um negro que não curte rap”, nem os integrantes da cena alternativa, nem mesmo o próprio autor, alter-ego de Buddy Braldley, retratado na última história do álbum , uma viagem surreal onde ele reflete sobre os caminhos de sua obra rumo a um apelo mais comercial e pop. Peter diz que não participou ativamente da cena grunge por já ter mais de 30 anos na época e “não gostar do cheiro de cigarro nos clubes de rock”, mas foi amigo de alguns dos principais participantes, tendo desenhado uma capa para a banda TAD. Antes de morar na Seattle do grunge, Bagge morou na Nova York do início dos anos 80 época do Punk e da New Wave.

Ódio foi publicado aqui pela Via Lettera, editora do veterano tradutor Jotapê Martins, em 2001 num álbum com 6 histórias longas e mais três curtas. Nos Estados Unidos, após uma crise semelhante a do já citado Angeli com a personagem Rê Bordosa, o autor resolveu “matar” a revista Hate (criada em 1990), transformando-a numa publicação anual, para não limitar sua arte a esses personagens e procurar novos rumos. Por trás de todo oba-oba em cima de seu parentesco com o grunge, de baixo da camiseta de flanela por fora da calça, o all star e o cabelo desgrenhado de Peter Bagge, Ódio tem como principal qualidade o fato de ser um retrato fiel e sem firulas de seu tempo. Uma fotografia do principal personagem da tragédia humana : o homem comum.
Fred Di Giacomo, 07/11/03

-Conheça a revista Chiclete com Banana

- Leia mais sobre quadrinhos!

-Punk rock

29.5.08

3 quadrinhos que você tem que ler!

3 quadrinhos que eu acho que não agradam só aos fãs de quadrinhos, mas são universais.


-Maus, Art Spielgeman:

É a única unanimidade dessa lista. Pra mim "Maus" é a melhor obra a retratar o nazismo, melhor que qualquer filme ou seriado de tv. "Maus" também é o único quadrinho que ganhou o Prêmio Pulitzer. Como diz o Gabes, fodaço!


-Epilético,David B:

História autobiográfica do quadrinista francês David B., que cresceu ao lado do irmão epilético e acompanhou toda a luta da família para tentar dar ao garoto uma vida normal. Desenhos simples, mas com estilo onírico e simbólico único. Só li o volume 1 até agora e confesso que não segurei a lagriminha que insistia a cair do olho. Vale guardar o dinheiro da breja do fim de semana pra comprar esse aqui.
-Avenida Dropsie, Will Eisner:
Pensei em finalizar com o "Minha Vida" do Crumb, mas é muito escatlógico e foge a essa categoria de "quadrinhos" universais. Se você curte Bukowski, ou contracultura, ou tem complexo de Édipo, ou gosta de acidez, fetiches e mulhers gordinhas leia o Crumb. Se você é normal leia Avenida Dropsie, porque Will Eisner é os "Bitou(Betle)" dos quadrinhos(Crumb é os Stones). A narrativa do cara é cinematográfica e suas histórias já foram adaptadas até pro teatro. Avenida Dropsie é sobre uma vizinhança, um bairro, mas não deixa de ser sobre o que as melhores histórias são feitas: seres-humanos

-Conheça a revista Chiclete com Banana do Angeli
-Quadrinhos eróticos

27.5.08

Show do Milhouse dia 21/06

Quem comprar com a banda paga mais barato e ainda ajuda. É 7 conto o ingresso antecipado!

E tenho dito

Quem criou a linguagem de sinais para surdos?

Mais uma dúvida incrível tirada pelo programa "Louco por Curiosidades". Com direito a "atoladinha" versão linguagem de sinais:

25.5.08

Quantas crianças de cinco anos você consegue vencer numa briga?

26

Created by OnePlusYou - Free Online Dating

Eu consigo detonar 26 pimpolhos. E você? Abate quantasa criancinhas antes de ir pra lona? Descubra no link acima!

23.5.08

Pênis voadores na bunda de políticos heterossexuais.

-Já sei qual será nossa arma na revolução bem-humorada
-Diga companheiro
-Pênis voadores na bunda de políticos.
-Qual o problema com um pênis na bunda de político? Companheiro, se a revolução bem-humorada for homofóbica estou fora.
-Calma, eu não completei. Pênis na bunda de políticos heterossexuais.
-He, he, he.
________________________________________________
Não acreditar na raça humana, acreditar nos homens.Acreditar nas surpresas do futuro, sem nomes.

Este é o tempero da vida. Se informe!

22.5.08

"A Vida dos Outros", Florian Henckel von Donnersmarck


Alguns filmes são mais do que bom entretenimento. Não que haja algo errado com o entretenimento. Adoro filmes do Tarantino e tenho fascínio pelas gangues do cult “The Warriors”. Mas quando você desperta daquelas duas horas de transe e sente-se mudado, ganha algo mais do que bons momentos de diversão. “A Vida dos Outros”, filme do alemão Florian Henckel von Donnersmarck, se passa na Alemanha Oriental, em 1984. O país, separado do lado ocidental pelo muro de Berlim, vivie sob uma ditadura comunista que usa um sistema de vigilância e inteligência para oprimir a população. Todos os artistas são observados pelo Estado e precisam de sua aprovação para criar. Quem fala demais acaba na “lista negra” e é proibido de trabalhar. Impressionante como a liberdade da arte incomoda o “preto no branco” dos sistemas autoritários. Eles tentam transformar os artistas em, como disse Stálin, “engenheiros da alma”. Mas arte não tem nada a ver com engenharia. Você não escreve uma boa peça porque te pediram um planejamento exato sobre um tema, você escreve uma boa peça porque “precisa escrever aquilo.”

Nesse cenário, o Ministro da Cultura se apaixona pela namorada do famoso dramaturgo Georg Dreyman, a bela Christa-Maria Sieland. Ele pede que o capitão Anton Grubitz encontre provas de que Dreyman é um inimigo do estado, pretendendo assim eliminar o concorrente sentimental e ficar com Cristina. Para o caso, Grubitz escolhe o sistemático agente Gerd Wiesler, fiel ao sistema, exímio interrogador e professor na faculdade “dos novos agentes de segurança”.

No princípio do filme, Wiesler é mostrado como o “mal”, professor rigoroso, desconfiado de Dreyman e interrogador frio. É ele o primeiro a suspeitar do artista, não Grubitz, que é mais burocrata que idealista. Mas em “A Vida dos Outros”, como em toda boa obra de arte, não existem bons nem maus. Existem seres humanos. Wiesler acredita cegamente no comunismo, mas em meio à investigação vai começar a desconfiar das reais intenções de Grubitz e proteger Dreyman. Christa ama o escritor, mas mesmo assim é coagida a manter relações sexuais com o ministro Bruno Hempf. Mesmo assim ela não é mostrada como “sacana”, é frágil, insegura, depende de um remédio que arruma secretamente de forma ilegal. Dreyman é um dramaturgo que fica em cima do muro a maior parte do tempo. Quer manter uma boa relação com o estado, mas é amigo dos intelectuais de oposição. Só resolve agir quando seu amigo pessoal, o diretor de teatro Albert Jerska, se enforca por estar proibido de trabalhar. O agente Wiesler é o personagem que sofre a maior transformação durante o filme. Não tanto uma transformação de caráter, mas uma transformação aos olhos do espectador. Ele não é o carrasco que parecia no começo. É um homem comum, que acreditava servir uma causa justa, que acreditava estar “cumprindo seu dever”. Afinal, na teoria o comunismo é um sistema “justo”, não é? Quando ele percebe que está sendo usado para uma missão pessoal, Wiesler passa a omitir informações que consegue com suas escutas. Ele protege Dreyman até o final e tenta convencer Christa a parar de se encontrar com o Ministro Hempf. É um homem sozinho, tentando fazer a coisa certa, não para ser um herói, mas porque ela é a única coisa ser feita. Como Oskar Schindler(o industrial polonês que salvou mais de 1000 judeus), do filme de Spielberg, Wiesler não pode aceitar a injustiça do sistema ao qual ele mesmo faz parte.

“A Vida dos Outros” não é uma crítica ao socialismo ou à outra forma de ideologia. É um filme sobre o totalitarismo( seja ele nazista, capitalista ou socialista) e a esperança no homem. Como o homem pode criar regimes hediondos, no qual acha que tem direito sobre a liberdade alheia é difícil de entender. O livro em quadrinhos Maus, de Art Spiegelman, ajuda a compreender como a vida comum das pessoas pode se tornar um inferno, como seu vizinho pode ser tornar seu inimigo. Maus fala sobre o regime nazista, instaurado na mesma Alemanha de “A Vida dos Outros”, cinqüenta anos antes. Num regime de força, quem está no poder acha que tem direito a tudo. Como num regime em que o dinheiro é o mais importante, o rico pode comprar tudo. O ministro Bruno Hempf acha que tem o direito ao corpo de Christa-Maria Sieland porque ele tem o poder. E no começo ela cede ao poder e traí o namorado. Não basta o amor e o talento de Dreyman, ela precisa da “proteção do estado”. È como aquela história clássica do cara que compra uma noite de amor com a mulher do outro por um milhão de dólares. Se você perguntar pra qualquer um numa mesa de bar, a maioria dos caras cederia sua esposa por um milhão de dólares, ou pela metade desse valor. A maioria das mulheres também. E assim o dono do poder continua achando que tem direito a tudo. À sua mulher, à sua liberdade, à sua alma.

O final de “A Vida dos outros” aposta na esperança no homem. Parece que vai se perder num excesso de “explicações”, mas acaba com uma cena humana, demasiadamente humana. Na figura de Wiesler, seu “anjo da guarda” que continua sua vida como um pacato carteiro, Dreymar encontra sua inspiração para voltar a escrever. Com todos os erros que cometemos, é difícil ter esperança na raça humana, mas ainda podemos esperar algo dos pequenos homens e dos seus pequenos atos anônimos.

22/05/08

Príncipe Charles x Johnny Rotten




Às vezes até a Veja tem umas coisas legais. Como essa foto do Príncipe Charles ai em cima que apareceu na versão online da revista. O cabelo do tiozinho que trocou a princesa Diana por uma baranga está lembrando o style de outro tiozinho inglês: Johnny Rotten(vocalista dos Sex Pistols, foto abaixo) que há mais de 30 anos cantava "God Save the Queen" em homenagem à rainha mãe.

E assim o ciclo do mundo pop se fecha ;-)





A noite quente de uma mulher fria.

Já não sabia o que fazer pra quebrar a geleira que envolvia a namorada. Estavam juntos há cinco meses e ela nunca tivera um orgasmo sequer, nadinha. Ele tentava de tudo: Kama Sutra, vinho, língua, Halls, mas a mulher não se animava, era fria. E com o tempo parou de querer fazer sexo. Cada dia era uma nova desculpa: dor de cabeça, sono, menstruação. Ele, indignado:
_ Isso nunca aconteceu comigo, antes, eu deixava as mulheres sempre loucas! Era um Casanova!

Tinha fama de ser “quente”, um “tarado”, diziam os amigos que moravam com ele, mas com essa pequena seus encantos não tinham efeito.

Um dia, estava conversando com o pessoal do trabalho no bar. Roda de amigos, cerveja vai, cerveja vem, uma dose de pinga e Delúbio abre o coração:
_ Não to agüentando mais a frieza da Joyce, ela parece um picolé de tão fria.
_ Acho que você não ta dando no couro direito, hein?_ Provocou um.
_Que é isso, rapaz! Eu sempre soube deixar as mulheres loucas, é que a Joyce é diferente das outras, ela parece que tem nojo de homem.
E parecia mesmo, era uma mulher fina, classe média alta, vinte e um anos, estudante de farmácia em universidade de freiras. Devia preferir a rigidez dos cadáveres à insistência do namorado. Odiava quando ele começava a encoxá-la na cama, enquanto dormiam de conchinha, parecia um animal. Ela sempre virava pro lado e ele a abraçava por trás, às vezes apertava seus peitos. Os homens não conseguiam viver sem sexo, pareciam doentes. Só a mulher sabe amar de verdade. Mesmo assim, ela era um doce; partidão, finíssima, filha de médicos, tinha estudado um ano nos eSATDOS uNIDOS, traços delicados, olhos claros, loira, cabelos lisos compridos. De corpo era bem magra, de poucos quadris. Muito inteligente e culta, adorava cinema, especialmente o francês e Quentin Tarantino, costumava dizer:

_Tenho fascínio, por Tarantino, quero morrer assistindo a um filme seu.
Talvez gostasse do excesso de sangue e cadáveres. Era também um bom papo, por dentro do que estava acontecendo no mundo. Muito doce e educada, tinha vergonha do próprio corpo, nunca se tocara dizia:
_Prefiro ser violentada do que me tocar!
Uma santa! O único problema era o sexo, se ela não gostasse, mas fizesse, ainda vá lá. Mas o que Delúbio não suportava era ficar duas semanas, ou mais, na abstinência.
Foi aquele, dia no bar, em meio aos deboches, que um dos amigos falou sério:
_ Olha, Delúbio_ o nome dele era Dirceu_ Você devia dar graças a Deus por essa mulher! Casa com ela, que ela é uma santa! Mulher fria não trai! Tudo que as mulheres querem é um orgasmo, se elas gozam te largam ou começam a dormir com outros. A mulher frígida é a única que é fiel até a morte.
Dirceu falava com conhecimento de causa, já tinha casado quatro vezes. Era professor de comunicação, agora estava namorando uma aluna. Fumava um cigarro atrás do outro, inclusive durante as aulas, não parava de fumar nem na sala de aula. Dizia que não tinha medo do câncer:
_O câncer é a doença mais bonita do mundo, porque não se pega através do sexo. O câncer não se pega de ninguém, é a única doença pura, individual.
O professor podia não entender de medicina, mas já tinha experiência em casamentos e entendia de música. Tocava em uma banda de jazz. Dizem que os músicos fazem sucesso com as mulheres, então isso lhe garantia ainda mais credibilidade com Delúbio.
_Mas Dirceu, ela não vê graça nenhuma no sexo, isso é muito triste. Um casal precisa do sexo pra continuar junto.
_Você não entende nada de amor, menino. Minha primeira mulher ficou paralítica depois de um acidente de carro. Não mexia nada do pescoço pra baixo. Completamente frígida, a mulher que eu mais amei. A única que eu amei de verdade. Nunca me traiu antes, nem depois do acidente, uma santa. Ficou um ano daquele jeito e morreu, queria fazer um altar pra ela. Amor não precisa de sexo, sem sexo é até melhor. “Amor é pra sempre, e se acaba não era amor”.
_Nélson Rodrigues?
_ Isso mesmo, ele tava certo, eu amo a Dilma até hoje.
Mas Delúbio não se conformava: “Como a Joyce podia ser tão fria?” Preparou uma noite especial pros dois: vinho, luminária de estrelas, velas e sua música favorita. A mulher achou lindo.
_ Parece um filme francês!
Tomaram o vinho, conversaram horas, beijaram-se. Ele a despiu suavemente, beijando seu corpo de forma doce. Disse que a amava, ela corou. Colocou o preservativo, beijou todos os detalhes do corpo. Começaram, dois minutos e ela sentiu dor. Não acreditou, tentou continuar, mas ela implorou:
_ Para, benzinho, que você ta me rasgando por dentro.
Pediu desculpas a ele.
_Não foi nada meu bem, só quero fazer quando você estiver afim.
Tinha sido, sentiu-se frustrado, odiava começar e não terminar. Sentiu-se um fracasso, impotente, o mais baixo dos homens, o pior de todos amantes. Como ela podia resistir as suas investidas? Ele que fizera tantas mulheres tremerem de paixão? Não entendia como ela podia simplesmente virar-se pro lado e dormir, com toda a inocência do mundo... Talvez fosse um anjo, casto, puro! Era isso, não tinha malícia, era um anjo inocente, amou-a mais. Já estava conformando-se:
_ O Dirceu tem razão, a mulher frígida deve ser a melhor mesmo.
Passou a tentar aceitar a namorada, marcaram até casamento. Estavam há seis meses juntos, ela quis casar na igreja, ele, por amor, aceitou. Não suportava igreja, quando era pequeno ia dormir na casa da avó toda sexta-feira. Ela era muito católica e não se conformava do ateísmo precoce do neto. Perguntava toda noite pra ele:
_ Delúbio, você crê em Deus?
E não apagava a luz até que ele respondesse, se ele dissesse que não era pior: a velha ficava tentando convence-lo a noite toda. Passou a dar respostas abstratas como “Eu acredito no amor”, ou “Existe uma força cósmica maior”. Tinha pavor da vó, vivia andando de bengala e cheirava morte, só falava de doenças e desgraças alheias.
_Eu só morro com cem anos!
Queria que morresse logo, sentia-se mal por pensar assim, mas não suportava aquelas noites de sexta-feira, a vó comendo chocolates com gula: “Quer um chocolatinho, Delúbio?” Tinha os dentes sujos de chocolates, odiava dentes sujos de chocolate, tinha pavor, nojo! Se um dia Joyce sorrisse para ele com os dentes sujos de chocolate era capaz de largá-la no altar. Sempre que ele comia um bombom, passava os dentes freneticamente na língua, ou ficava olhando o sorriso no espelho. Tinha horror! Enfim, se não amasse tanto a noiva frígida, não casaria na igreja.
Encontrou-se com os amigos, iriam fazer uma festinha para os noivos.
_ Resolveu seu problema, Delúbio?
_Que nada, to até achando graça, sabia?
_Anote ai, Delúbio, não há mulher como a fria, elas são as que morrem com a gente. A mulher da nossa vida é a que morre ao nosso lado.
Estava achando Dirceu um profeta, e Joyce parecia mesmo ser mulher pra toda uma vida.
_Te amo mais que tudo, Delúbio!
Parecia mesmo, quanto mais ele respeitava sua abstinência, mais ela parecia amá-lo. De uma hora para outra, parecia que o noivo compreendera. “Talvez tivesse feito um voto de castidade”, pensava ele. Talvez fosse mesmo uma santa. Dava-lhe prazer a inocência da menina, mesmo não transando, ela fazia questão que dormissem juntos. Gostava da sua presença e de conversar com ele.
_Eu quero dormir com você, mesmo que seja pra gente não transar. Eu gosto de ficar assim contigo.
Era linda, conversavam até que ela não agüentasse mais e fechasse os olhinhos. Às vezes despertava e tentava continuar o assunto, mas falava alguma coisa absurda. Uma santa! Um anjo puro!
Chegou o dia da tal festa para os noivos, foi em uma danceteria. Estavam todos muito felizes. Dirceu, Silvio e Valério estavam lá e várias amigas da Joyce também, a noiva parecia surpreendentemente empolgada naquele dia e bebia mais que o normal. Delúbio, que era um bebedor nato, estava contido, a suposta santidade da noiva parecia tê-lo inspirado a uma vida mais regrada e sem excessos, pensava até em parar de beber.
_ Benzinho, você não acha que está exagerando na dose?
_É que eu estou tão feliz, Delúbio, você é o homem perfeito pra mim: inteligente, carinhoso, romântico...Eu te amo.
_Também te amo, benzinho.
Estava muito feliz, Joyce dançava com as amigas e ele conversava com Dirceu:
_ É uma santa! Uma santa!
_A mulher que atinge o orgasmo perde o interesse no seu homem, Delúbio, dê graças a Deus pela Joyce ser fria! Graças a Deus! Ai, como tenho saudade da minha Dilma, paralítica, deitadinha na cama, era um anjo, rapaz! Um anjo com as asas quebradas!
Deu três horas da manhã, e Joyce quis ir embora:
_ Você vem comigo?
_Isso é um convite ou caridade?
_É um convite, seu bobo, eu quero que você venha comigo!
Falou de um jeito estranho, parecia ter fogo no olhar, Delúbio sentiu medo. Lembrou do que Dirceu lhe falara “A mulher frigida é a única que não trai”. Devia ser paranóia dele, a Joyce sempre gostava que os dois dormissem juntos. Chegaram na casa dela, a moça tomou um copo de leite e foi pro banheiro. “Gozado, a Joyce nunca tomava leite, fazia mal pro seu estômago”. Ela parecia muito feliz, beijou-lhe na boca com paixão, acendeu uma luminária vermelha, saiu do banheiro com a maquiagem retocada. Muito sensual. Abraçou o noivo com paixão:
_ Te quero!
Delúbio sentiu um calafrio correndo a espinha, será que a mulher tinha se curado? Rolaram na cama, Joyce estava diferente, tomava a atitude, beijava o corpo do futuro marido, ensandecida pelo álcool. Delúbio começou a gostar da coisa, achou que Dirceu estava errado. Nada como ter uma mulher que ame a gente. “Um anjo na rua e um diabo na cama”, pensava. Fizeram todo tipo possível de preliminar, quando Delúbio a beijou tanto no ponto X, que ficou louca, Joyce implorou:
_ Agora, vem cá, que eu te quero!
Virou-se de costas, o rapaz ficou doido, adorava de costas e ela sempre se recusava. Achava muito “animal”. Fizeram amor com vontade.
_ Fala palavrão, Delúbio! Eu fico louca com um palavrão! Me xinga, Delúbio! Me xinga! A coisa que me deixa mais doida é um palavrão no ouvido!
O rapaz perdeu o controle, parecia que ia ter um troço, já tivera um orgasmo e continuava lá dentro. Joyce mandou:
_ Agora, eu quero de quatro.
Os olhos de Delúbio saltaram. “De quatro”? De quatro ele ficava louco, uivava, entrava na mulher com vontade. Nunca tinham feito assim, ela nunca deixava. Enfiou com força, ela pedia:
_ Me rasga Delúbio, me faz gozar! Me faz gozar!
Gozaram juntos, ele pela segunda vez. Desmaiou em cima dela, mal teve forças pra tirar o preservativo. No dia seguinte transaram de novo, mais duas vezes! Um recorde pro casal! Saiu de lá realizado:
_Resolvi meu problema, resolvi meu problema!
A noiva tinha uma cara ótima, satisfeitíssima! Conversaram a manhã inteira sobre bobagens, parecia que seriam o maior casal do mundo, um casal perfeito. Já se davam tão bem sem sexo, imagine agora! Delúbio saiu de lá com dez reais, sonhos e a certeza de que aquela mulher nascera para ele. Pensou em ligar para o Dirceu e acabar com amigo, quis chamar-lhe de impotente! Que mulher fria o caramba! Aquilo era desculpa de incompetente!
Acordou todo o pessoal da república: um advogado e um médium.
_Olha só pessoal, hoje eu pago a rodada de cerveja!
***
Conversou com Joyce só no dia seguinte, tinha ido pra casa da mãe em Campinas:
_ Benzinho, o que você está fazendo ai?
_Olha, Delúbio, já mandei cancelar a igreja, não vai mais ter casamento.
_Como assim não vai mais ter casamento?
_Eu não sei mais o que sinto por você, Delúbio, não sei o que quero. Acho que sinto nojo!
_Nojo?
Joyce desligou, nunca mais conversaram, uns dizem que entrou num convento, outros que caiu na vida. Delúbio casou-se dois anos depois. Com uma paralítica.
21/07/05.

18.5.08

Jimi Hendrix: a dramática história de uma lenda do rock, Sharon Lawrence




Triste como um blues
A biografia de Jimi Hendrix, escrita por sua amiga pessoal Sharon Lawrence, não é uma leitura leve. Narrada de forma seca, carregada de citações de grupos e músicos dos anos 60 e 70 que podem confundir os leigos, traz uma nova versão da vida do maior guitarrista do mundo. Nada do doidão divertindo-se com sexo e drogas. O que vemos é um homem de infância pobre e difícil, manipulado por empresários no seu auge e que teve os direitos de sua obra disputados por parentes gananciosos que mal o conheceram. Triste como um blues, daqueles bonitos que Jimi tocava como ninguém.


Jimi Hendrix: A dramática história de uma lenda do rock
Sharon Lawrence
Jorge Zahar Editor.

-Mais resenhas de livros
-Mais música

17.5.08

A Revolução dos Bichos - George Orwell


-Mais resenhas de livros!

Porca miséria

George Orwell fez parte de um grupo de escritores engajados que não se prendeu apenas as palavras partindo para ação. Um grupo de escritores que viveram uma época de revoluções (principalmente a Revolução Russa de 1917 e a Guerra Civil Espanhola, mas também a Revolução Mexicana e as duas Grandes Guerras Mundiais). George abandonou seu passado burguês, seu antigo nome (Eric Arthur Blair) e foi lutar por seus ideais assim como John Reed e Ernest Hemingway. O escritor inglês se meteu na sangrenta Guerra Civil espanhola lutando no POUM (Partido Obreiro de Unificação Marxista) ao lado dos anarquistas, ao contrário da maioria dos voluntários que se alistaram nas Brigadas Internacionais, ligadas ao ortodoxo Partido Comunista Soviético. Da guerra saiu decidido por um socialismo independente, criticando duramente o totalitarismo de Stálin, essa crítica acabaria se tornando livro em A Revolução dos Bichos, publicado em 1945.

A Revolução dos Bichos é uma dura crítica ao fim levado pela Revolução Russa de 1917, à sua burocratização e sua transformação em ditadura. Não é um ataque ao socialismo em si, mas sim ao totalitarismo. Essa crítica voltaria na outra obra prima de Orwell, 1984. Publicado em 1949, esse livro retrata uma sociedade em um futuro próximo, completamente repressora, onde todas as pessoas são vigiadas pelo "Big Brother".

Voltando a "Revolução dos Bichos", o livro não deixou sua marca por uma linguagem ou narrativa inovadora, mas sim por sua força revolucionária, sua crítica ácida à nossa sociedade e, não só a Revolução Russa, mas a todas revoluções que terminam com uma nova elite tomando o poder, que acabam sem o povo soberano, sem ser estabelecida a igualdade entre todos... A narrativa de Orwell é extremamente simples, concisa e jornalística, seu curto livro é contado como uma fábula moderna, na qual os animais falam e pensam. Suas metáforas são diretas: o corvo negro representa os padres, que pregam a salvação aos animais explorados e uma vida melhor (uma montanha de açúcar) àqueles que trabalharem em vida; as ovelhas representam os homens que, como um rebanho, seguem os líderes sem pensar; os porcos são os animais inteligentes que conduzem a revolução e depois acabam se tornando a nova elite (Os burocratas da União Soviética). Alguns personagens se assemelham aos líderes soviéticos, como é o caso dos porcos Napoleão (Stálin, o líder tirânico que estimula o culto a sua personalidade e persegue cruelmente seus adversários), Bola de Neve (Trotsky, como o líder perseguido, apontado como inimigo, e que tinha como intuito espalhar a revolução para todo o mundo) e Major (Lênin, o primeiro revolucionário, que passa os ensinamentos a seus subordinados, e que após sua morte tem seu corpo exposto e venerado pelos outros animais, como a múmia de Lênin na URSS).

Os animais de Orwell representam o proletário enquanto nós humanos somos a burguesia exploradora... Após a bem sucedida revolução, os bichos passam por todas as etapas conhecidas pela humanidade (a euforia, as tentativas de contra revolução e a formação de uma nova elite dominante...) No final genial os porcos vão cada vez mais se assemelhando aos humanos, no jeito de se vestir, nos hábitos, na forma de exploração e Orwell termina com a constatação : "(...) já se tornara impossível distinguir quem era homem e quem era porco."

24/08/03.


Título original: Animal Farm
Autor: George Orwell

Veja também:
-Resenha da "Odisséia", de Homero
-Resumo do livro "Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas"

Correria

Trampo novo lá na www.abril.com.br ta tão corrido que eu não to nem tendo tempo de postar aqui no brog. Fica aí o postzinho com as cenas deletadas do filme The Warriors. Amanhã procuro mais coisas legais pra colocar aqui.

The Warriors - Cenas inéditas

7 cenas deletadas do cult movie "The Warriors". A mais importante é a primeira que mostra uma namorada dreadlock de Cleon. Nessa cena ele escolhe os 9 delegados(entre 120 membros da gangue), que devem ir ao encontro com Cyrus.

-Confira aqui os bonecos do filme Warriors!

Cena 1:

Essa cena mostra a namorada de Cleon(que na versão final do filme nem aparece) e como ele selecionou os 9 membros da gangue(de um total de 120) que iriam para o encontro com Cyrus. Também explica um pouco da personalidade de cada Warrior.

Cena 2:

Cena em que os Warriors aparecem perdidos procurando o encontro com Cyrus.

Cena 3:
Cena do discurso de Cyrus cortada e que não entrou na versão do diretor de 2005.


Cena 4:

Cena da DJ, cortada da versão final.

Cena 5:

Masai, líder dos Riffs, recebe notícias de quem os Furies não conseguiram pegar os Warriors

Cena 6:

Swan fica sabendo que Ajax foi preso e Rembrandt avisa que as gangues pensam que eles atiraram em Cyrus.

Cena 7:


Cena em que os Rogues aparecem em Coney Island.

-Se você curte filmes de gangue, assista Laranja Mecânica
-Punk rock

12.5.08

Carrie Miranda

Tudo bem que a Carrie usa uns acessórios meio bizarros em Sex and the City, mas olha só a roupinha a lá Carmen Miranda que a Sarah Jessica Parker usou na estréia mundial do filme:

Mais fotos de Carrie Miranda em:
http://justjared.buzznet.com/gallery/photos.php?yr=2008&mon=05&evt=satc-premiere&pic=sex-and-the-city-world-premiere-10.jpg

Pra quem ainda não viu o trailer do filme de Sex and the City, ta aí:

11.5.08

Dia das mães

Eu tinha menos de 13 anos, quando escrevi isso pra minha mãe:

Dia das Mães:
Mães lindas
Mães vindas
(para serem)
Maestrinas da Vida.

Dead Fish: Entrevista.


Em algum dia de 2003, entrevistei o vocalista Rodrigo, do Dead Fish. Na época, quase não se falava de emo e o que parecia ser a bola da vez era o "hardcore melódico". O Dead Fish tinha acabado de participar de uma coletânea da Sony e podia ser a próxima banda a estourar como o CPM22.

por Fred Di Giacomo

1. Um dos assuntos que mais tem gerado polêmica em relação ao Dead Fish é a gravação de duas faixas pra uma coletânea da Sony. O que vocês acham de toda essa discussão?

Eu acho que tem que discutir mesmo, cada um tem que colocar seu ponto de vista mesmo, por mais babaca que seja, mas isso acho que não me atinge muito porque penso muito antes de fazer as coisas, e acho que sei o que é melhor pra mim e conseqüentemente pra minha banda, é claro que dentro da banda ninguém pensa igual, o consenso as vezes é bem chato, mas acho que fizemos o que queríamos e ponto.
Eu sou um cara que me tenho como um radical, mas acho que tem gente que confunde profundidade de idéias com dogmas e fundamentalismo... Eu acho o "xiitismo" que vc disse bem
normal quando estamos descobrindo tudo, estamos novos e ainda não pagamos nossas contas, mas as coisas mudam pra todo mundo e cedo ou tarde as pessoas se arrependem de terem se colocado numa postura dogmática cristã.

2. Com a crise do mercado fonográfico(principalmente, segundo as gravadoras, devido aos cds piratas) vocês acham que bandas de rock de verdade como o Dead Fish seriam uma boa opção para as grandes gravadoras?

Valeu pela banda de rock de verdade, hahahahahaha!! Eu também acho isso... As vezes.... hahahahahaha!! Com certeza teríamos um aproveitamento comercial razoável em uma major, mas os caras são meio burros eles querem suceeeeesssooooosss estrondosos que lhes rendam
milhões em alguns dias, e o DF não renderia isso em alguns meses, seria uma banda regular, ali no meio termo, numa major.

3. Como vocês vem a cena punk hoje em dia? Em relação aos anos noventa , a coisa melhorou ou piorou?

Eu não me interesso tanto mais pelos rótulos da coisa toda. Eu vejo que muita coisa melhorou pra caralho de 90 pra cá. A tecnologia ficou mais democrática, se grava melhor, existem mais recursos de instrumentos e formas de gravação, existem um zilhão mais de selos independentes legais por ai que tem uma distribuição se não maravilhosa bem melhor que de 10 anos atrás, eu acho que tinha que ter mais zines e e-zines acho pouco comparado com o que recebia e lia a 6 anos atrás, mas isso eu acho que melhora daqui a pouco...
Agora o que ficou ruim é que a gurizada não dá mais tanto valor a uma demo tape que recebe porque já tem um monte de mp3 em casa guardado, tudo se tornou um pouco mais descartável eu acho, mais economia de mercado mesmo, o punk/hc já não é mais tão perigoso e questionador, acho até que ser tornou meio um "lugar seguro" o que acho ruim em alguns aspectos, isso sem falar que hoje tem muito mais banda mas também muito mais banda ruim sem muito conteúdo.

4. O que vocês tem ouvido ultimamente? Alguma coisa nova?
Tenho ouvido pouca coisa diferente do que ouvia a 1 ano, recebi umas dts/cdr no nordeste e gostei muito do Vende-se de Recife, achei muito muito bom, como não ouvia faz tempo, também ouvi o trio Take me aqui de Vix, a banda é fodona e o Marcelinho que tocava conosco e é do Mono hoje toca bateria. Ah gostei do Inimigo uma banda de SP que ganhei a dt de um amigo, achei muito bom... E o Switch Stance de Fortaleza que lançou um cd bem legal também. No mais é quase a mesma coisa, Tim Maia, Jamelão, Discarga, Presto, Hot water music, Bad Religion, Zé Maria e At the drive in....

5. Tem um lance que eu ainda não entendi. Por que a banda de uma parada entre 96 e 97?

Meu pai morreu em 96 e ai dei uma desanimada mas foi por pouco tempo, eu acabei assumindo por uns meses o vocal do Pé do Lixo, dai voltamos com o DF em 97.

6. Como a troca de guitarrista influenciou o som do grupo? O que vocês acham do "Zé Maria"?

Ainda não deu pra perceber muito isso porque não estabilizamos mais com nenhum guitarrista, mas acho que esta troca prejudica principalmente pra compor coisas novas...
Eu gosto pra caralho do Zé Maria, acho que o Marcel fez a melhor coisa do mundo não aceitando voltar pro DF. Acho ele um dos caras mais criativos do mundo, ele cria na guitarra, no computer, teclado e caralho a 4, sou um puta fã da banda e dele também.

Dead Fish tocando o hit "Noite":


7. Depois da vitória do Lula nas eleições o país todo ficou com um clima de "esperança", mas é óbvio que só o cara não vai mudar tudo sozinho. Como vocês, que tem uma posição política forte em suas letras, vêem a atual situação do país?

Foi a primeira vez que não votei nele, nas outras 3 vezes eu votei... Eu acho o seguinte ele teve que mudar a postura meio que pro centro pra ganhar a eleição, meio que pra se moldar ao conservadorismo do povo brasileiro e achei isso ruim, dai não votei nele. Mas sinceramente acho que ele vai ser o melhor presidente dos últimos 500 anos de Brasil, acho mesmo, ele não vai ser tão desonesto quanto todos os outros que estiveram lá, e tem um aspecto legal que o congresso também deu uma guinadinha mais a esquerda o que vai fomentar mais discussões abertas do que aqueles acordos de bastidores que vemos sempre.

8.É óbvio que a entrevista é sobre música, mas eu não posso deixar de perguntar. Como vocês estão vendo toda essa crise no Iraque?

O EUA são o cagalhão do século, o que eles plantaram vão colher, o Oriente Médio é um dos poucos lugares onde eles não tinham imposto sua "Pax" ainda, admiro o povo árabe por isso, porque são capazes de resistirem a quase

tudo culturalmente falando, isso sem xiitismo que o ocidente mostra e tal, tirando as ditaduras, os paises árabes mais "estáveis" são muito tolerantes. Este Bush é um caipira mal assessorado e mal intencionado que ainda vai fazer muito mais cagada por ai... Excrusivers eu queria dizer aqui que as pessoas procurem boicotar o máximo de produtos americanos que puderem, claro que é quase impossível mas é possível não comer no Mac Donalds, evitar a Coca Cola, evitar vários produtos de vestuário que são americanos. É óbvio que isso não os atingirá economicamente até porque tudo é deles, mas acho um forma moral legal de levantar uma idéia de resistência.

9. Agora o infame jogo rápido, o que vocês pensam à respeito do:

a)MST -
Eu acredito neles.

b)"cena" punk -
O que é isso? Nasci na Praia do Canto, tem que perguntar isso pros caras do MDR que são do verdadeiro movimento.

c)Mp3 -
Acho fodasso.

d)Geração punk anos 80 do Brasil -
Acho que deveriam ser mais reconhecidos pelo trabalho duro que fizeram.

Clipe de "Zero e Um":


10.Vale a pena fazer rock n'roll no Brasil?

Não.... No independente financeiramente não, mas em outros aspectos vale demais a pena.

Se vocês quiserem deixar alguma mensagem pra molecada o espaço é de vocês!

Quem estiver lendo isso, leia e não acredite em tudo acredite mais em você mesmo, saiba que você é capaz de mudar o mundo, o seu mundo, fazer a diferença em n aspectos, mas antes disso você tem que acreditar em vc mesmo, ler mais, viver mais, ser menos dogmático e ter mais auto-critica... Faça um zine, monte uma banda, estude pra fazer o que quer da vida, e se arrependa quando quiser mas nunca deixe de fazer.
Aquele abrá!! Dispam-se e me ignorem!!

Rodrigo.

-Todas nossas entrevistas!

-Leia entrevista com os Garotos Podres.

9.5.08

Despedida...


Hoje vou escrever um post pessoal, daqueles que eu não faço há tempos.

Saí da Mundo Estranho(Site onde eu trabalhava há dois anos). Pela última vez apertei o botão do oitavo andar da editora Abril e sentei entre o Marquinhos e o Artur, numa redação que não tinha clima de trabalho formal. Num site(www.mundoestranho.com.br) em que eu coloquei minha cara e muitas vezes(não que isso seja certo) levei com a paixão de um projeto pessoal. O site deu certo. Subimos de uma média de menos de 30.000 visitantes para 300.000, com picos de até 600.000, num mês ou outro. Conseguimos desenvolver conteúdos interessantes e uma insana produção de um vídeo por dia(Foram mais de 320 vídeos!) Muitas vezes eu reclamava do excesso de trabalho. Mas foi um tesão! E só percebi que acabou, agora, quando estava escrevendo o clássico e-mail de despedida bateu aquele nozinho na garganta e eu escrevi com sinceridade turbinada pela emoção, ao invés de algo automático. Os erros de concordância ou gramática são perdoáveis, já que a mensagem estava lá. Foram muito legais os trabalhos, festas, cafés e experiências.

Mudar de emprego é ótimo. Mas é melhor quando o emprego passado era bom e você só está saindo porque o futuro parece ser ainda mais promissor...

Só isso.

Fotos by Marquito.

8.5.08

Game - Warriors

Trailer do jogo para Playstation 2 e X-Box:

The Warriors - Objetos de desejo 1.

-Confira aqui as cenas inéditas do filme "Warriors"!



Aproveitando meu ócio criativo, entre minha saída da Mundo Estranho e minha entrada no Portal Abril, criei uma nova seção pra esse site: "Objetos de desejo", com roupas, bonecos e quinquilharias que eu queria muito ter.(Anotem aí pro Natal!) Esses bonequinhos são personagens do filme cult de gangues "The Warriors"(1979, conhecido no Brasil como "Selvagens da Noite"). Baixei o jogo pro PS2 e o filme recentemente, e estou viciado. Se você não conhece esse "crássico" segue um trechinho do filme abaixo(Em breve resenha completa).

Trailer:



Versão com dublagem tosca:




-Mais gangues futuristas: Laranja Mecânica!

Nova música dos Mutantes: Mutante depois



Sem Arnaldo Baptista e sem Zélica Duncan, os Mutantes continuam com Sérgio Dias e Dinho (na batera) e começaram a divulgar sua nova música "Mutante Depois". Parece que um novo disco vem por aí, incluindo parcerias com Tom Zé. Assista o vídeo ao vivo no "Metrópolis" e tire suas próprias conclusões. O que você achou?

-Leia entrevista exclusiva com Arnaldo Baptista!

7.5.08

Vídeo de Leila Lopes sobre seu filme pornô.



Nesse vídeo para a Tv Fama, Leila Lopes "explica" como vai ser seu filme erótico em fase de gravação. Tem uma série de frases antológicas! Quem descobriu essa pérola foi o Gabriel Gianordoli.


5.5.08

RACHA PEITO.

Racha peito essa dor
Essa desilusão, desengano.

A morte, El Salvador
Seres humanos são seres insanos,
Com uma arma ou uma flor.
Aqui brincamos um ano,
Agora só um grito, uma cor.
Racha peito, explode a dor
Morte aqui, El Salvador.

O sofrimento humano
É o único sentimento universal.

(O resto é sexo).

Seres humanos são seres insanos
Racha peito, explode a dor
Com uma arma ou uma flor
Racha peito, explode a dor.
O sangue tem sempre a mesma cor.

Racha peito, esta dor
Essa desilusão, desengano.
A morte aqui ou El Salvador.
Seres humanos são sempre insanos

O Sofrimento humano
É a única verdade universal.

(O resto se releva.)

Desafio - Adivinhe o presidente



Estou saindo do site da Mundo Estranho. Na semana que vem, já vou assumir meu novo cargo na Abril Digital(www.abril.com.br). Enquanto isso, publico aqui um joguinho que nós fizemos lá pro site da Mundo Estranho. É no esquema do Flashpops, você olha as fotos e tenta adivinhar quem são os presidentes do Brasil.

A pesquisa e imagens quem fez foi o Renato Bueno, a thumb e essa montagem foi o Marquinho e a idéia desse joguinho foi minha.

O link ta aqui!

3.5.08

Top 5: Bandas gaúchas prediletas

Em homenagem a minha namorada Bárbara e meus amigos gaúchos, aí vai meu Top 5 bandas gaúchas:

1) Júpiter Maçã

O doidão Júpiter Mação é foda. Seu primeiro disco "A Sétima Efervescência" é pra mim o melhor do rock gaúcho e um dos melhores do rock nacional. Não gosto muito da fase bossa em inglês dele(Jupiter Apple), mas esse último disco(de onde saiu esse clipe) está bem legal. O Júpiter(ou Flávio Basso) tocou antes no TNT e Cascavelletes.

2)Replicantes

A primeira banda gaúcha que eu amei. Eram punks, mas tinham umas letras engraçadas. Minha banda, Praga de Mãe, tocava essa música.
3)Wander Wildner

O
pai do punk brega, Wander Wildner! Saiu dos Replicantes pra fazer um projeto tão legal quanto: fundir a simplicidade e a distorção punk com letras de amor inspiradas em Roberto Carlos e Reginaldo Rossi. Esta música é muito boa: "Quase um alcólatra".
4)Cascavelletes

Cascavelletes é a banda seminal do rock gaúcho: reunia Frank Jorge(Graforréia) e Flávio Basso(Júpiter Maçã). Pra mim duas das melhores músicas do rock dos pampas são deles: "Morte por tesão" e "O Dotadão deve morrer". Essa música "Eu quis comer você", nem é tão legal, mas o vídeo deles tocando esse som no meio da molecada da Angélica(e sendo cantados pela loira "bonito o sotaque deles") é muito bom. Os caras também tem a melhor demo feita no Brasil.
5)Graforréia Xilarmônica/Walverdes

Pra finalizar um empate. O Graforréia tem uns discos muito bons, mas o show eu achei meia boca. E tem umas músicas muito malucas às vezes. O Walverdes pelo contrário tem um show fodaço, rock 'n' roll no talo!

2.5.08

Flashbacks: Surfando no Caos, Timothy Leary


Meu primeiro flashback sobre Timothy Leary vem de uma capa de fanzine que meu pai trouxe para casa. O sulfite xerocado falava sobre a morte do psicólogo e sua importância para a contracultura e divulgação do LSD nos anos 60.

Exatos 10 anos depois, ganhei de amigo-secreto a autobiografia do “guru do LSD”. O livro, que tem uma capa roxa péssima, começa mesclando lembranças de sua infância influenciada pelos livros de Mark Twain, intercaladas com a sua descoberta das drogas psicodélicas aos 40 anos, logo depois do suicídio de sua esposa. Leary começou suas pesquisas quando era um respeitado professor de psicologia em Harvard, pai de dois filhos, e logo passou a receber visitas de escritores como Aldous Huxley, Jack Kerouac e Allen Ginsberg. Ele via na Psilocibina(versão sintetizada dos cogumelos psicodélicos) e depois no LSD(apresentado a ele por Michael Hollingshead) uma forma de tratar doenças psicológicas e melhorar a capacidade do cérebro. “Tim” enxergava em suas pesquisas uma ligação que remontava a séculos de experiências com drogas psicodélicas, uma linha de estudiosos místicos que ia dos antigos astecas, aos alquimistas, passando pelos poetas ingleses como Lord Byron.


Suas pesquisas passaram a atrair a fúria do governo americano e de suas forças policiais(FBI e CIA). Timothy, então, tentou levar seu projeto para o México, mas acabou sendo expulso, e fundou uma comunidade num rancho nos Estados Unidos(Milbrook) onde foi visitado por Ken Kesey(autor de “Um Estranho no Ninho” e lider de outra comunidade psicodélica os “Merry Pranksters”. Esse encontro é retratado no filme “Across the Universe”, com Bono Vox num papel inspirado em Ken Kesey). Tim viajou para o Oriente com sua bela esposa loira, conheceu mestres iogues e passou um tempo na Índia. Na volta, Milbrook sofreu uma batida policial e Leary passou a ser perseguido até que foi preso na fronteira com o México com uma quantidade ínfima de maconha. Enfrentou diversos julgamentos e quando ia ser candidato a governador da Califórnia(Tendo como jingle a música “Come Together”, antes dela ser um hit dos Beatles) acabou preso. Fugiu para França e depois Argélia onde virou refugiado com a mulher, Rosemary e fez contatos com grupos oposicionistas do mundo todo, inclusive brasileiros. De lá para Suíça, onde foi preso e deportado. Nos Estados Unidos passou anos em diversas prisões.

No livro, percebe-se que Leary está muito além da visão que se tem do “papa do LSD” ou do “velho hippie doidão”. Timothy foi um psicólogo, filósofo e cientista, grande entusiasta da computação, física quântica e drogas como forma de desenvolvimento do cérebro. Suas pesquisas realmente incomodaram o governo americano e envolveram tramas na Casa Branca que chegavam até a John Kennedy. Quando faleceu, Tim congelou sua cabeça num tanque criogênico, com esperança de que isso pudesse ajudar em pesquisas futuras. Tudo bem vai, um pouco louco ele era... :-)

Livro: Flahsbacks - Surfando no Caos
Autor:Timothy Leary
Editora: Beca Produções Culturais
Ano: 1999

Como operar seu cérebro? Tio Leary explica, e com legendas em português:


-Quer saber mais sobre Ken Kesey e viagens com LSD? Confira no blog do Lúcio!

-Mais sobre Allen Ginsberg e os Beats? Clica aqui!
-Resenha do livro "Zen e a arte da manutenção de motocicletas"

1.5.08

Uhu!

Este mês fechamos nossos trabalhos espirituais com 1.564 visitantes únicos e 2.896 page views! Viva a "putaria no BBB" e o disco novo do "Cavalera Conspiracy", heheheh

Arnaldo Baptista - Entrevista

-Ouça música da nova fase dos Mutantes

Bilhete do Kurt Cobain pro Arnaldo, enviado com a entrevista.

Em 2004, eu estava começando no jornal laboratório da Unesp(Contexto), na editoria de cultura. A Dani Lima era minha editora e a gente estava fazendo uma matéria relacionando tristeza e a arte. Pra isso precisávamos entrevistar o Arnaldo Baptista(fundador dos Mutantes) pra falar sobre seu álbum Lóki? Consegui achar o cara pelo e-mail, e ele respondeu essa micro entrevista, do seu jeito pra lá de doidão.

Ando meio desligado
por Fred Di Giacomo e Renato Bueno

1)Teu disco Lóki está cercado de elementos extra-disco que remetem a isolamento e tristeza (separação dos Mutantes, "conflitos pessoais"...) Mas ali mesmo dá pra perceber que quem canta tudo aquilo parece estar à vontade, parece ter se encontrado. Você o considera um disco triste?
O lado triste revela o "blues", que consegue um som, só... Será que a tristeza não é de quem ouve???

2) Qual a importância da participação dos antigos parceiros no disco?
A importância foi nula... Eles eram meus parceiros na época, só isso...

3) Nelson Rodrigues disse que, se a vida não impõe sofrimento ao artista, ele deve buscar seu próprio sofrimento. Funciona assim na música? E na pintura?
Na música menos que na pintura.

4)Você chegou a trocar idéias com Kurt Cobain. Pelas letras do Nirvana e muitos comentários sobre o trabalho deles, percebemos uma angústia constante. Que impressão você teve do Kurt como amigo e fã dos Mutantes?
Eu não o conheci pessoalmente, mas gosto dele... Ele é que parece não Kurtiu bem a vida... Segue anexo o bilhete que ele me mandou...(Veja no começo da entrevista)

5)O que você acha do filho de seu ídolo(John Lennon), Sean Lennon, ser seu fã? Como surgiu o contato com ele?
Foi uma maravilha... Ele me convidou para participar do FreeJazz com ele na música "Panis et Circenses" Com ele eu troquei bastante idéias. Nunca poderia imaginar que o filho do meu ídolo seria meu fã.

6) Quais são seus projetos pro futuro? Música? Literatura? Pintura?
É ser melhor Arnaldo e não exageraldo.. Aguarde novo CD... Breve....




Arnaldo Baptista e Sean Lennon no Free Jazz Festival:

Veja também
-Confira mais entrevistas!
-Conheça a obra de Timothy Leary o guru do LSD

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