30.10.09

“Ramones” - Ramones, 1976




-Já leu poesia punk?


Para a revista Rolling Stone ele é o 33º melhor disco da história. Para qualquer moleque de calça rasgada e all star ele é seu motivo de existir. Uma dos pedaços de vinil mais influentes da música pop. Sua duração é de 29:04s. Seu custo total de produção foram míseros $ 6400, numa época onde, segundo o próprio Joey Ramone no livro “Mate-me, por favor”, gastava-se meio milhão para produzir um álbum. E esse não era qualquer álbum; ele criou o punk, revolucionou o rock do final dos anos 70 e deu origem a centenas de bandas. Dos Sex Pistols ao Metallica, do Red Hot Chili Peppers aos Ratos de Porão, a influência do primeiro disco dos quatro magrelos de Nova York foi devastadora.

É difícil explicar hoje a importância desse amontoado de 3 acordes tocado com velocidade e paixão, sem riffs difíceis, solos de guitarra ou viradas de bateria. Aqui no Brasil, seria como se os Racionais Mc’s tivessem um som tão agressivo quanto o Sepultura e criassem, em seu primeiro disco, a Bossa Nova ou a Tropicália. Estávamos nos Estados Unidos, em 1974. O que existia de mais agressivo no rock era o som de MC5, Stooges e New York Dolls. As três bandas tinham um sucesso mediano, mais undeground, e seu som era uma transição do hard rock para o que se chamou punk. O que mais lembrava o que os Ramones viriam a fazer era o primeiro (e cru) disco dos Stooges. Mas nesse, você encontra uma música de mais de dez minutos (“We Will Fall”) e aqui a música mais comprida tem 2:39s(“I don’t Wanna Go Down to The Basement”). E as rádios? Eram dominadas pelo progressivo de Yes e Genesis, pelo hard rock virtuoso de Led Zeppelin e pela discoteca do saltitante John Travolta. O sonho hippie tinha acabado, os Beatles também. A América Latina, o leste Europeu e grande parte da Ásia viviam sob ditaduras. O mundo em constante ameaça atômica era uma ressaca claustrofóbica.

Blietzkrieg bop






A primeira coisa que chama a atenção no disco é a capa. Quatro cabeludos, com jaquetas de couro pretas – como as de Marlon Brando e James Dean – calças rasgadas, tênis surrados e caras desafiadoras estão encostados numa parede pichada. Eles parecem te provocar, loucos pra te dar uma porrada. A única coisa escrita lá é o nome da banda “Ramones” – uma referência ao nome que Paul Mccartney usava para se registrar em hotéis. O disco começa. A porrada vem em forma de grito de guerra. Hey ho let’s go. Um ataque relâmpago fala de blitzgrieg, estratégia militar que fez os nazistas dominarem metade da Europa no começo da Segunda Guerra Mundial. Ah, vale lembrar, o alemãozinho Dee Dee Ramone tem fascinação pelo nazismo. O desengonçado Joey Ramone – já internado em clínicas psiquiátricas - berra “espanque o moleque com um taco de beisebol”. Da onde vem tanta raiva? Dee Dee foge de uma família problemática, Johnny ralava como pedreiro. O lirismo se esconde nos backing vocals que fazem referência a grupos vocais dos anos 60. “I Wanna Be Your Boyfriend” quebra o clima, uma balada romântica já pavimenta o caminho que os Buzzcocks, e mais pra frente os emos, vão seguir. “Os punks também amam”. “Now I Wanna Sniff Some Glue” repete milhares de vezes a mesma frase. Os moleques entediados lá de “1969” de Iggy Pop agora gastam o tempo cheirando cola, arrumando brigas e fazendo barulhos com suas guitarras toscas, ou serras elétricas, em “Chain Saw”. A contagem para todo mundo entrar junto – que se tornou marca registrada do grupo – aparece pela primeira vez em “Listen To My Heart”. “1,2,3,4” grita Dee Dee, baixista e principal compositor. Ele vai voltar a urrar em uma das partes de “53rd and 3rd” uma das mais sérias e tristes do álbum. É sobre o tempo em que o músico ficava nas esquinas de Nova York fazendo michês. O disco ainda traz como destaque o cover “Let’s Dance”(e gravar clássicos do rock ‘n’ roll em versões cruas seria uma marca da banda) e “Today your Love, Tomorrow the World”.

Havana Affair/Listen To my Heart






-Entrevista com os Garotos Podres


Pronto, menos de meia-hora e a surra acabou. Aqueles punks saídos do filme “O Selvagem”(com Marlon Brando), que soavam como uma canção de Iggy Pop e queriam cantar como se fossem os Beach Boys devem estar cheirando cola em outro lugar. Seu álbum não fez nenhum sucesso nos EUA. Só foi bem recebido quando o quarteto excursionou pela Europa e influenciou meio mundo – Clash e Sex Pistos incluídos, dando origem ao movimento punk e todo hype em cima da coisa. Dessa árvore cairiam os frutos podres do hardcore, trash, crossover, grunge, emo e outros estilos musicais.

Era isso. Letras diretas sobre o cotidiano do mundo white trash - os brancos pobres e desajustados dos EUA. Som distorcido, rápido e sem firulas. Refrões fortes. Backing vocals melodiosos. E o rock nunca mais seria o mesmo.

Leia para saber mais:
“Mate-me, por favor”, "Legs" McNeil e Gilliam McCain
“Coração envenenado” – Dee Dee Ramne e Veronica Kofman

28.10.09

The Boys - Sick On You/Living in the City

Sick On You


Eu descobri os "The Boys" quando assisti, anos atrás, o Holly Tree fazendo um cover da banda no extinto(e muito bom) programa Musikaos. A música era "Living in the City", umas das melhores da safra 77 britânica, na minha humilde opinião.

Criado em 1976, o The Boys contava em sua formação clássica com Matt Dangerfield, Duncan 'Kid' Reid, Casino Steel, Honest John Plain e Jack Black. Um de seus diferenciais era a presença de teclado em seu punk enérgico. Os caras encerram as atividade em 1981 e voltaram em 1999 com Von Ritchie nas baquetas. Lançaram os discos "The Boys"(1977),"Alternative Chartbusters"(1978),"To Hell with the Boys" (1979) e "Boys Only" (1980) e também um álbum de natal com o nome de The Yobs

-Conheça o disco "Pela Paz em Todo Mundo" do Cólera
-Entrevista exclusiva com os Garotos Podres

Living in the City


-Connheça outras bandas do punk 77 inglês

26.10.09

Esperando Godot - Samuel Beckett ****



-Leia outras resenhas

Obra-prima do escritor irlandês Samuel Beckett(1906-1989), “Esperando Godot”(En attendant Godot / Waiting for Godot) é uma das principais peças do teatro do absurdo e traz ainda forte carga existencialista e influência do humor clássico americano de Charles Chaplin e Buster Keaton. Seus personagens são apenas 5, sendo 4 clowns com chapéus de coco e um menino. Tudo na peça é dobrado e gira em torno do duplo. Vladimir e Estragon são os pobres vagabundos que esperam eternamente Godot, sem nem lembrar direito o porquê. Vladimir é um poeta frustrado, Estragon é movido pelos sentimentos. Foram comparados a duplas como “O Gordo e o Magro” ou aos já citados comediantes, Buster Keaton e Charles Chaplin. Lembram também a dupla massacrada pela recessão americana de “Ratos e Homens” de Steinbeck.

Ainda seguindo a dinâmica do duplo, “Esperando Godot” é dividida em dois atos. A dupla de vagabundos interage com Pozzo e Lucky, senhor e servo, e passa por dois dias e duas noites. Algumas frases e situações se repetem constantemente, sem que os personagens percebam, mas criando um sentimento de rotina e tédio, ingrediente fundamental para o acontecimento principal da peça: “o ato de espera”.

-Vamos embora
-A gente não pode
-Por quê?
-Estamos esperando Godot
-É mesmo


-Mais literatura
-Simone de Beauvoir, nossa musa com cérebro

25.10.09

Uma canção para São Paulo

Era um refrão de samba, que virou esse texto longo, composto caminhando pelo meu bairro

-"Tinha um Drummond no meio do caminho"

São Paulo eu queria te abraçar, ai, ai.
Até que enfim a cidade vai enxergar, vai, vai.

São Paulo eu queria te abraçar, ai.
Até que enfim a cidade vai enxergar, vai.

Vai enxergar o mendigo-artista que pinta retratos no Butantã
A menina linda que espera cansada no ponto de ônibus
Garotos palhaços que transformam semáforos em circo

São Paulo das ruas imundas e cheias, Vital Brasil cacofônica.

São Paulo, se tu fosse uma mulher, te levava pra casa e arrumava seus dentes.
São Paulo, se tu fosse uma mulher, te dava banho e escovava teus dentes.


***



Um dia eu vi um rato morto debaixo da ponte Eusébio Matoso.
Decompondo-se dia após dia.

Pele.
Carne
Ossos
Poeira
Nada

Ao lado dos mendigos ratos, que habitavam bueiros. Nada

***

Como Caetano te achei feia, cinza e suja.
Mas te entendi depois, imponência de grandes avenidas paulistas e farias limas.
O lado bonito e oculto da cidade fantasma.
Não que não haja beleza nos jardins do Jardim Ângela e nas formas circulares do Capão.
Redondo.

Algumas coisas acontecem na Avenida São João
Madrugadas boêmias, Ipiranga, Copan. Meu coração.
"De noite rondo a cidade"
Os bares da Vila Madalena, Augusta e Barra Funda.
Espero meu ônibus e vejo o Jaçanã.
Passo o bilhete único e lembro do Adoniran.
***

São Paulo é a mais democrática e a mais elitista megalópole brasileira.
Não pertence aos paulistanos, mas aos nordestinos, caipiras e gaúchos
Africanos que estudam na USP, bolivianos que enchem o Brás, Bexiga e Barra Funda.
Italianos da Mooca em jogos do Juventus e japoneses cantando boleros em karaokês.

***
Metrô ultrarrápido
Jatos utrasônicos
Paulistanos ultrasós

***



São Paulo eu queria te abraçar, ai, ai.
Até que enfim a cidade vai enxergar

Vai

-Outras tentativas poéticas

22.10.09

"Kiss me Deadly" - Generation X

Certo. A Inglaterra no final dos anos 70 tinha o Clash, os Pistols e os Buzzcocks. E essa é a santíssima trindade do punk rock bretão. Mas junto com os mestres surgiram dezenas de bandas, algumas com seus 5 minutos de fama, outras não.

O Generation X era a banda do Billy "dance with myself" Idol. E antes de ser uma Madonna de moicano, o cara era um dos poucos vocalistas de punk a cantar afinado.(Seja isso vantagem ou não.)



-Assista aos Dead Kennedys tocando "Holyday in Cambodia"
-Tudo que já postamos sobre punk rock

Formado em 21 de novembro de 1976 por Billy mais Tony James e John Towe, o grupo chegou a contar com Terry Chimes(Clash) na bateria. Seu som era mais pop que o da maioria das bandas da época. Lançaram 3 discos(mais um "póstumo") e deram lugar para a carreira solo da inspiração mór do Supla.

Em breve mais bandas do punk inglês 77

21.10.09

Uma visão memorável - William Blake

Originalmente publicado no Clube de Ideias
Tem saco pra ler poesias?

Os profetas Isaías e Ezequiel jantaram comigo, e eu lhes perguntei como ousavam tão redondamente afirmar que Deus lhes falara; e se não pensaram na época que seriam mal-compreendidos, e assim, causa de imposição.

Isaías respondeu: "Eu não vi Deus algum, nem ouvi, numa percepção orgânica finita; mas meus sentidos descobriram o infinito em todas coisas, e como estivesse assim convencido, e ainda o estou, de que a voz da indignação honesta é a voz de Deus, não me preocupei com as consequências, mas escrevi."

Então perguntei: "A firme convição de que uma coisa é assim, assim a torna?"

Ele respondeu: "Todos os poetas assim o acreditam, e em eras de imaginação esta firme convicção removeu montanhas; mas muitos não são capazes de uma firme convicção de coisa alguma."

Então Ezequiel disse: "A filosofia do Oriente ensinou os primeiros princípios de percepção humana: algumas nações mantiveram um princípio para a origem, algumas outro: nós de Israel ensinamos que o Gênio Poético (como vocês agora o chamam) foi o primeiro princípio e os outros meramente derivados, e essa foi a causa de nosso desprezo pelos Sacerdotes e Filosófos de outros países e de profetizarmos que se provaria afinal serem todos os Deuses originados no nosso e serem tributários do Gênio Poético; foi isso que nosso grande poeta, Rei David, desejou tão ardentemente e invoca tão pateticamente, dizendo que com isso ele conquista inimigos e governa reinados; e nós amamos tanto nosso Deus, que amaldiçoamos em seu nome todas as divindades das nações vizinhas, e afirmamos terem elas se rebelado: destas opiniões o vulgo veio a pensar que todas as nações seriam afinal subjugadas pelos judeus."

"Isto", disse ele, "como toda firme convição, é fatal que aconteça; pois todas as nações acreditam no código dos judeus e adoram o seu Deus, e pode haver maior sujeição?"

Ouvi isso com algum espanto, e devo confessar, minha própria convicção. Após o jantar, pedi a Isaías que favorecesse o mundo com suas obras perdidas; ele disse que nenhuma de valor se perdera. Ezequiel disse o mesmo das suas.

Também a Isaías o que o fazia caminhar nu e descalço durante três anos? ele respondeu:

"O mesmo que nosso amigo Diógenes, o grego."

Perguntei então a Ezequiel por que comia lama e se deitava por tanto tempo em seus lados direito e esquerdo? ele respondeu : "O desejo de despertar outros homens para uma percepção do infinito: isto, as tribos norte-americanas praticam, e é honesto aquele que resiste a seu gênio ou consciência, visando apenas conforto ou gratificação presentes?"

A antiga tradição de que o mundo será consumido em fogo ao final de seis mil anos é verdadeira, conforme ouvi no Inferno.

Pois o querubim com sua espada flamejante tem aqui ordens de deixar a guarda da árvore da vida; e quando ele o fizer, toda a criação será consumida e parecerá infinita e sagrada, enquanto agora parece finita e corrupta.

Isto ocorrerá com um aperfeiçoamento do prazer sensual.

Mas primeiro a noção de que o homem tem corpo distinto de sua alma deve ser banida.

Isto deverei fazê-lo imprimindo no método infernal, com corrosivos, que no inferno são salutares e medicinais, solvendo superfícies aparentes, e expondo o infinito que estava oculto.

Se as portas da percepção fossem limpas, tudo apareceria ao homem como é, infinito.

Pois o homem fechou-se a si mesmo, até ver todas as coisas pelas estreitas fendas de sua caverna.

Tradução de Dênis Urgal, texto tirado do livro "O Matrimônio entre o Céu e o Inferno"

William Blake
William Blake (Londres, 28 de novembro de 1757 — Londres, 12 de agosto de 1827) foi poeta, pintor, sendo sua pintura definida como pintura fantástica, e tipógrafo.

Em 1790, publicou sua prosa mais conhecida, O matrimônio do céu e do inferno em que formula uma posição religiosa e política revolucionária na época: "a negação da realidade da matéria, da punição eterna e da autoridade".

A passagem "Se as portas da percepção fossem limpas, tudo apareceria ao homem como é, infinito." influenciou tanto Aldous Huxley em seu livro "As Portas da Percepção", quando Jim Morrison na escolha do nome de sua banda, The Doors.

-Você já leu as poesias de Lawrence Ferlinghetti?

The angels of the good and the bad


-Leia entrevista com Arnaldo Baptista

-Mais literatura

19.10.09

Dita Von Teese vem aí!

-Fotos e vídeos de Bettie Page

Principal nome da onda "burlesca" que revive o clima das pin ups, Dita Von Teese faz show no Brasil dia 28/10, só para convidados. O show "Be Cointreauversial" está sendo patrocinado pelo Contreau. Abaixo, um vídeo com um pouco do que a gente vai perder.



-Galeria de pin ups
-Musas rock 'n' roll

16.10.09

Tarantino's Mind

Aproveitando toda a onda em cima do novo filme do Tarantino - "Bastardos Inglórios" - lembro aqui o bom curta-metragem brasileiro "Tarantino's Mind",interpretado por Seu Jorge e Selton Mello.



-Mais trailers e cinema

15.10.09

Um parque de diversões da cabeça - Lawrence Ferlinghetti

post originalmente publicado no Clube de Ideias

Selecionei aqui três poemas do livro "Um parque de diversões da cabeça" e mais alguns quadros do poeta beat Lawrence Ferlinghetti

House Boat Days Never Play Cards with a Guy Called Doc 1993


10
.

Em toda minha vida jamais deitei com a beleza
confidenciando a mim mesmo
seus encantos exuberantes
Jamais deitei com a beleza em toda a minha vida
e tampouco menti junto a ela
confidenciando a mim mesmo
como a beleza jamais morre
mas jaz afastada
entre os aborígenes
da arte
e paira muito acima dos campos de batalhas
do amor
Ela está acima disto tudo
oh sim
Está sentada no mais seleto dos
bancos do templo
lá onde os diretores de arte encontram-se
para escolher o que há de ficar eterno
E eles sim deitaram-se com a beleza
suas vidas inteiras
E deliciaram-se com a ambrosia
e sorveram os vinhos do Paraíso
Portanto sabem com precisão
como algo belo é uma jóia
rara rara
e como nunca nunca
poderá desvanecer-se
num investimento sem tostão
Oh não jamais deitei
em Regaços da Beleza como esses
receoso de levantar-me à noite
com medo de perder de alguma forma
algum movimento que a beleza pudesse esboçar
No entanto dormi com a beleza
da minha própria e bizarra maneira
e aprontei uma ou duas cenas muito loucas
com a beleza em minha cama
e daí transbordou um poema ou dois
para esse mundo que parece o de Bosch



20.


Na confeitaria barata para além do El*
foi onde pela primeira vez
me apaixonei
pela irrealidade
Os drops reluziam na semi-obscuridade
daquele entardecer de setembro
Um gato deslizava sobre o balcão entre
pirulitos
e pães de forma
e Oh chicletes de bola

Lá fora as folhas caíam ao morrerem
O vento soprava para longe o sol

Uma garota entrou apressada
O cabelo molhado pela chuva
Seus seios sufocando na loja minúscula

Lá fora as folhas caíam
e gritavam
Cedo demais! Cedo demais!

*El: a elevada do metrô.(N. do T.)


28

Dove sta amoré
Donde está o amor
Dove sta amoré
Aqui jaz o amor
Amora jazz amor
Num lírico encanto
Cantos de amor da serra
Canto que em si se encerra
Cantos de cor singela
Cantos de dor sincera
À noite pelos cantos
Dove sta amoré
Aqui jaz o amor
Amora jazz amor
Aqui jaz o amor

Tradução dos poemas: Eduardo Bueno

Um vídeo:

Participação do poeta com "Last Prayer" no último show da The Band, grupo que ficou famoso por acompanhar Bob Dylan

-Conheça o livro "O uivo" de Allen Ginsberg
-"Flashbacks: Surfando no Caos", autobiografia de Timothy Leary


Uma imagem:
Samothrace with Rainbow, 1992, Lawrence Ferlinghetti

O americano Lawrence Ferlinghetti (24/03/1919) é poeta, tradutor, pintor e co-fundador da editora e livraria City Lights, responsável pelo lançamento de diversas obras fundamentais da literatura beat. Seu trabalho mais famoso é "Um parque de diversões da cabeça", de 1958.

-Conheça "Trópico de Capricórnio" de Henry Miller
, lançado nos EUA por Lawrence Ferlinghetti

11.10.09

Direita, esquerda. Volver!

O radical de extrema esquerda grita pra mim
Como é boa a sábia ditadura de Ho Chi Min
O fanático de direita vai mostrar pra você
"Quantos mortos valem as virtudes de Pinochet?"
Enquanto isso segue o povão, besta como sempre
Chibata no lombo, pastando contente

-Mais poesias

9.10.09

Holiday In Cambodia - Dead Kennedys

-Já leu poesia punk?


Cara, o vídeo não está inteiro, mas olha a performance do Jello Biafra. O cara é um puta frontman. E "Fresh Fruit For Hotten Vegetables" é um dos melhores discos de punk rock ever.

-Mais punk rock

“Amar verbo intransitivo 2”

Eu amava
Tu amas
Ele amará

Nós sofremos.


-Mais tentativas poéticas

8.10.09

Besouro, o filme - Trailer



Pô, curti o trailer do filme. Despretensioso, produção foda. Acho que vai render assunto. E o diretor, João Daniel Tikhomiroff, tem um currículo gigante em publicidade. Vamos ver.

7.10.09

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band – The Beatles, 1967

-Skank se inspira nos Beatles em capa da Bizz


Texto originalmente publicado no jornal laboratório da Unesp-Bauru, Contexto, em agosto/2004

Sinestesia Sonora
Comprei um ácido com desenho de uma banda colorida, Karl Marx, Marilyn Monroe, Huxley e um monte de gente famosa. Espetei-o com a agulha e tudo se pôs a girar. Ouvi um ruído. Ecos rascantes e energia tomaram o meu corpo. Cheiro forte de pimenta e uma canção de amor cadenciada. Vermelho. Olhos de diamantes observam um céu de marmelada. A trip desacelera e os sentidos se embaralharam, está tudo melhor, azul e lento. Meu corpo sonolento dança seguindo o ritmo de uma orquestra psicodélica. Sinto-me triste pela garota que se vai, mas o clima muda. Pareço estar num show fantástico, com música de circo e sons mágicos vindos de uma caixinha de música.

A melodia pára. Quando a agulha espeta novamente, estamos na Índia e uma cítara adocicada me faz flutuar. Uma melodia antiga, pontuada por sinos e cheirando a cabarés esfumaçados, leva a pergunta: como vou estar com 64 anos? A energia volta verde. Gritos na minha cabeça e um flashback começa. De volta para os uniformes coloridos e cheiro de pimenta. O vermelho agora é rosa, me acalmo, alguns ruídos surgem espontâneos. Notícias no jornal. O ruído aumenta, tudo parece que vai explodir. Mas a viagem acaba. Apenas mais um dia na vida.


-Conheça a autobiografia de Timothy Leary, o papa da psicodelia
-Mais música

4.10.09

Conversas com Woody Allen, Eric Lax

-Mais livros e resenhas

“Não influenciei ninguém de forma significativa”, afirma Woody Allen no final do livro de entrevistas conduzidas por Eric Lax. “O único conselho em que posso pensar é que só o trabalho conta”. Woody parece reticente em dar qualquer tipo de aula ou lição para as novas gerações(ele provavelmente nunca assistiu “Apenas o Fim” filme brasileiro claramente inspirado em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, ou, então, “Harry e Sally” que deu origem a dezenas de comédias sobre relacionamento). É engraçado, porque todo o livro “Conversas com Woody Allen” é uma grande aula sobre cinema, escrita e processo criativo.

Vamos lá. Todo bom livro é um bom professor, muito melhor do que os que você vai encontrar – na maioria das vezes – nas faculdades. Afinal, quem poderia ter aula de existencialismo com Sartre ou lingüística com Guimarães Rosa? Nessa série de entrevistas, que vai dos anos 70 até o final dos anos 2000(O único filme de Woody que não é comentado é o recente “Vicky Cristina Barcelona”), Eric Lax conversou com Allen, assistiu suas gravações e acompanhou seu processo de edição. Dividiu as conversas, então, em temas: “ A ideia”, “Escrever”, “Casting, Atores e Atuação”, “Filmagens, sets, locações”, “Direção”, “Montagem”, “Trilha Sonora”, e “A Carreira”. Lá está tudo que você queria perguntar ao tio Allen, mas tinha medo de perguntar. Como ele escolhe a ideia que vai filmar? Como ele faz um roteiro? A trilha sonora entra só no final da edição? Além de todos os detalhes do seu método de criação, Woody fala de suas influências (Bob Hope e Ingmar Bergman, entre outros) e de sua filosofia de vida: vivemos num mundo sem deus, onde se nós não nos policiarmos, ninguém vai nos policiar ou punir.

Entre um excesso de autocrítica e pessimismo, Allen conta que seu grande sonho era ser um diretor “sério”, e mostra sua frustração por ser reconhecido apenas como cômico. Vale a pena ler e se deparar com a quantidade de angústia por trás da cara de baixinho-nerd-engraçado.

"Conversas com Woody Allen: seus filmes, o cinema e a filmagem"
Editora Cosac Naify
512 páginas


Veja também:
-Conheça "Monthy Python em busca do cálice sagrado"
-Notícias e resenhas sobre cinema

A abertura de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa"(Annie Hall)

3.10.09

10 melhores discos dos anos 2000 - Pitchfork

-Os 100 melhores guitarristas, segundo a Rolling Stone

A Pitchfork terminou de publicar ontem(02/10) sua lista de 200 melhores álbums dessa primeira década dos anos 2000. Achei bem engraçado encontrar o hard rock do Andrew WK lá no meio. É um disco que meu primo americano me apresentou em 2003 e, quando eu comentei com o pessoal daqui, a galera torceu o nariz. Enfim, vamos a listinha com os dez melhores discos da década. A lista com os 200 você confere no site dos caras.

10. The Avalanches - Since I Left You
[Modular/Interscope; 2000]


09. Panda Bear - Person Pitch
[Paw Tracks; 2007]

08. Sigur Rós - Ágætis Byrjun
[Smekkleysa; 2000]


07. The Strokes - Is This It
[RCA; 2001]

06. Modest Mouse - The Moon & Antarctica
[Epic; 2000]


05. Jay-Z - The Blueprint
[Roc-A-Fella; 2001]


04. Wilco - Yankee Hotel Foxtrot
[Nonesuch; 2002]

03. Daft Punk - Discovery
[Virgin; 2001]

02. Arcade Fire - Funeral
[Merge; 2004]


-Melhores discos nacionais dos anos 90

01. Radiohead -Kid A
[Capitol; 2000]


-Mais listas

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