30.10.07

3 coisas que eu adoro e uma que eu odeio

Achei o disco do Foo Figthers novo bom. E eu nem sou super fã da banda, as músicas mais leves tão muito fodas.

Achei o disco da Nação Zumbi novo bom. Eu sou fã da banda, mas tinha achado o Futura regular. A faixa Inferno (com participação da Céu) tem vocais e texturas interessantes e a guitarra do Lúcio Maia ta mais foda que o normal.

Adoro listas. Vi duas agora: a dos 100 melhores discos de música brasileira da Rolling Stone e dos 100 melhores filmes da Bravo!

Odeio emos que sentam no meio dos shows, impedindo a passagem de todos. Principalmente em festivais com milhares de pessoas como o Tim Festival. Se você queria comprar água do outro lado tinha que chutar uns 10 moleques bundões que não agüentam 4 horas de show.

27.10.07

Buk, o velho tarado

-Leia mais contos

Falando em Bukowski ai vai um konto com a participação do próprio. Escrevi isso pro pseudo-livro "Amor em tempos de Aids". Quem tiver paciência que leia até o fim.

***
Buk, o velho tarado.

Eu já não tinha tantas ilusões em relação à literatura naqueles tempos. Me achava limitado, mas as pessoas diziam que eu escrevia bem. Não poesia. Nada disso! Jornalismo. Jornalismo?! Que merda é essa? Qualquer um escreve jornalismo, é tudo enrolação pura, mentiras... Um jornalista pode escrever qualquer coisa. Eu fazia notícias com versos. Poemas construídos com realidade. Alguns tinham cheiro de incenso ou felicidade, outros tinham cheiro de diarréia e morte. As pessoas não percebiam, diziam que meu texto era “gostoso de ler...”
Veja só: vinte e um anos, desempregado, barba rala, medo de pegar AIDS. Nunca tinha tido emprego fixo e minha mãe vivia me xingado por isso. Nunca tinha sido feliz ao lado de alguém e ia morrer sozinho. Era mais novo que Cristo, mas já tinha bebido de tudo, menos álcool puro. Até Absinto falsificado e cachaça caseira. Meu fígado tinha diminuído dez centímetros em um ano. E eu tinha diarréia sempre que exagerava na manguaça. Bebia cinco vezes por semana e exagerava três. Tinha semanas que eu bebia todos os dias e exagerava cinco, era uma conta humilde perto de alcoólatras ilustres como o senhor Charles Bukowski, escritor, poeta e bebum de talento.
Bastardo! Tudo que eu escrevia soava como cópia subdesenvolvida daquele velho tarado. Eu queria matar o Bukowski de novo só para ser original. Maldito filho da puta. Dormi as quatro da manhã. Fiquei assistindo filme pornô na televisão.
Acordei antes do meio-dia. Mal-humorado. A folgada da minha irmã(ia usar “vagabunda”, mas achei que soaria como puta) nunca acordava cedo. Por mais barulho que se fizesse ficava sempre dormindo. O telefone podia se esgoelar todo e ela não levantava a carcaça do lençol, às vezes até o tirava da parede, para não ter que se preocupar. Eu ainda tinha um pouco de responsabilidade.
_ Alô, quem fala?
A voz que respondeu soava velha e cansada. Parecia ser familiar, mas eu não sabia quem era. Odeio quando começam a conversar sem se identificar. O cheiro de whiskey barato exalava pelo telefone:
_ Seu maricas, o que está fazendo acordado a essa hora?
_ Um filho da puta ligou aqui em casa e não desistiu até me tirar da cama.
_ E por que você não tirou o telefone do gancho?
_ Porque me sobra um pouco de responsabilidade. Se meus pais morrerem, por exemplo, como é que eu vou saber?
_Essas coisas a gente sempre fica sabendo. Notícia boa é que não chega nunca. É por isso que você nunca vai ser poeta de verdade.
_ Quem é você, hein, seu desgraçado? Me ligando antes do almoço pra discutir poesia?
_ Você é uma cópia juvenil e terceiro-mundista do Bukowski, isso é que você é.
_ Ah, essa não... Vou desligar o telefone, velho doente.
_ Não gosta de ouvir umas verdades, meu bem? E você nem agüenta beber que nem macho... Tem vinte e um anos e já quer parar de tomar uns tragos.
_ Quem é você pra cuidar da minha vida? “Cê” anda me espionando? Aposto que é pederasta! Quer fazer sexo pelo telefone, é, velho tarado? Eu tenho vinte e um anos, mas já tenho cabelos brancos, to ficando careca, tenho pêlos no nariz e dor nas costas.
_ É, você também é azarado. Só que não tem personalidade... Essa idéia de conversar no telefone com um autor que te inspirou... Isso eu fiz nos anos setenta com o Heminghway e de uma forma bem mais criativa.
_ Ah! Vai se foder! Quem é você? Bukowski?Você me inspirou tanto quanto Nélson Rodrigues ou Rubem Fonseca. Aliás, senhor sabe tudo, foi o livro do Rubem Fonseca que eu recomendei pro Bernardo aprender a escrever kontos.
_ Olha, garoto, você até pode ter futuro, mas tem que ler o dobro e passar fome.
_ Eu vou passar a mão na sua bunda, velho veado!
_Você é muito macho pelo telefone, né, garotão? Só que tem medo de morrer e nunca entrou em briga de verdade.
_ Teve aquela vez na quarta série...
_ Que você tomou um murrão no nariz?
_ Velho bastardo...
_ Olha garoto liguei só pra você não desistir de escrever. Você tem talento...
_ Na poesia?
_ No jornalismo...
_ Velho, maldito! Qualquer merda faz jornalismo! Você também fez faculdade de comunicação e virou carteiro...
_ A gente tem que viver a vida antes de escrever.
_ Quer que eu vire carteiro?
_ Quero que você vire homem. “É tão fácil ser poeta e tão difícil ser homem”. *
_ Certo, velho. Espero que você seja o Buk, mesmo, sabe por quê?
_ Você vai chorar de emoção e pedir um autógrafo?
_ Não, eu vou te matar! Ai ninguém mais vai achar que eu copio Bukowski.
_ Pode vir franguinho, eu ainda tenho um bom cruzado de direita.
_ Velho bêbado, ainda vou te mandar pro inferno!

Desliguei o telefone na cara do imbecil. Depois me arrependi. Achei que pudesse ser o Bukowiski mesmo, afinal: nem todo mundo exala cheiro de álcool pelo telefone. Pelo menos, ele tinha dito que eu podia ter futuro. Resolvi continuar tomando cerveja e parar com a pinga. Continuei escrevendo jornalismo em versos e as pessoas continuaram falando que meu texto era “gostoso de ler”. Talvez não fosse nada. Acho que eu só estava ficando meio doido.

* Charles Bukowiski.
20/02/05.

25.10.07

Banda Milhouse - Essa Menina


Oh, Yeah! Banda Milhouse(Ana, Fred, Gabriel e TiTi) tocam Little Quail em Penápolis: "Oh, não essa menina não quer dar pra mim..."

"Cartas na rua", Charles Bukowski


São mais de uma da manhã. A música acabou e só ouço o som da respiração da Bárbara na cama. Terminei mais um livro do Bukowski ontem e fiquei me sentindo órfão... Acho que vou encarar um de crônicas do Frank Jorge(ex-Cascavelletes, ex-Graforréia Xilarmônica), mas tenho medo de ser furada. Por equanto, deixo ai a micro-resenha do Cartas na rua do velho Buk.

Micro-resenha: Cartas na rua, Charles Bukowski **** */*
Então chegamos à primeira novela de Bukowski, escrita quando o cara já estava na casa dos 50. É diferente: saem os tempos de vagabundagem hard e entram os 11 anos que o velho tarado passou nos correios. Rolam as transas com mulheres bêbadas, mas são mais raras, o foco são 3 mulheres: Joyce uma ricaça caipira do Sul com quem Buk casa e a família toda acha que ele quer dar o golpe do Baú, Betty seu grande amor vagabundo que morre e deixa o filho(uma das únicas 3 pessoas no seu enterro) e Fay com quem o autor tem uma filha. É um Bukowski mais calmo(lembra Hollywood), com menos palavrões, sexo e porra-louquice que os outros. Muitas críticas à escravidão do trabalho, à rotina do Correio(as intermináveis rotas que Chinaski tem que decorar). Começa com Buk como estagiário do Correio, ele desiste (perseguido pelo terrível Jostone), vai se virando com sub-empregos (parte que mais lembra os contos do autor) e é convencido por Joyce a arrumar um emprego (quando volta aos Correios) para provar aos outros que não é só um sangue-suga. Me lembrou Hemingway (influência assumida de Bukowski) em alguns momentos. Na cronologia da vida de Chinaski(seu eterno alter-ego) se encaixa entre “Factótum”(cujos fatos são precedidos por Misto-Quente) e Hollywood(seguido por O Capitão saiu e os marinheiros tomaram conta do navio).

-Leia a resenha do livro "Misto-Quente" de Charles Bukowski.

24.10.07

Medo e Delírio em Las Vegas – uma jornada selvagem ao coração do Sonho Americano

- Mais trailers legais


Micro-resenha: *** */*
Essa resenha ia sair assim na revista Mundo Estranho, mas como não tinha espaço acabou sendo super-editada. Deixo aqui a idéia original

Hunter S. Thompson
Editora Conrad

Se a ME fosse seguir as regras na sua seção de livros ela não deveria destacar “Medo e Delírio em Las Vegas” na edição de novembro, já que o livro foi lançado em agosto. Mas quem se importa? Estamos falando de Hunter S. Thompson o careca doidão que inventou o jornalismo gonzo e nunca respeitava as regras. Deram-lhe a missão de cobrir uma corrida de motos em Las Vegas e ele fracassou. Uma nova matéria sobre a convenção da polícia sobre as drogas? Fracassou novamente, gastando todo dinheiro em drogas, álcool e cassinos. Diante dessa situação qualquer um de nós estaria desesperado com o fim de sua carreira, mas Hunter dá uma banana para o jornalismo convencional e escreve um clássico onde ele é o personagem principal, transformando o fracasso em estilo. É o triunfo do perdedor!

Trailer do filme inspirado no livro de Thompson e estrelado por Johnny Depp:

Piores capas da Playboy


Esse é meu vídeo mais assistido. Tem 213,819 views no Youtube. Fiz pra revista Mundo Estranho, é minha versão do Waldick Waladão. Bem pior que meu irmão, mas ta valendo.
Falando em Mundo Estranho estreou no site a nova seção de SEXO! Clique aqui pra conferir!

15.10.07

Banda Milhouse: Show em Penápolis


Já postei alguma coisa do meus vídeos, filme, kontos, agora faltou a maior banda de "punk brega nerd progressivo samba" do mundo: Milhouse. Essa gravação tosca é do nosso primeiro show, que rolou em Penápolis, no Gordo's Bar.
São 3 músicas: Dormi na Praça versão punk, Garota Vida Louca e Morte por tesão do Cascavelletes.

14.10.07

Baderna: Aprenda a ser um macho



A idéia do Waldick Waladão, o maior macho do Brasil, começou a surgir no nosso filme Guido deve morrer interpretado pelo meu primo Fausto. Depois ele ressurgiu no nosso programa de humor na rádio virtual da Unesp-Bauru, N.A.B.HU Neles, já na voz do meu irmão Gabriel Rocha. Aí, meu irmão é o Waldick e eu sou o nerd Anuzza.

Tropa de Elite - Frases


Esse post foi originalmente publicado em http://mundoestranho.abril.com.br/blog/58564_post.shtml mas como teve muita repercussão lá no blog da Mundo Estranho resolvi deixar registrado nesse cantinho também:

Já que não se fala em outra coisa, resolvemos fazer mais um serviço para os fãs de "Tropa de Elite": recolhemos as melhores frases do filme pra você poder ficar tirando onda com seus amigos, colocar no seu nick de msn ou apavorar seu amigo nerd.

Capitão Nascimento:
"Pede pra sair 01!"
"Você sabe voar, estudante?"
"Não precisa não que eu esquento no micro quando chegar."
"Vamos descer só o dono porque meu filho nasceu."
"Nunca serão!"
"Você é um fanfarrão!"
"Bota na conta do Papa."

Baiano:
"Na cara não, pra não estragar o velório"
Capitão Nascimento:
"04 me dá a doze"

Sargento Rocha.
"Eu posso até te ajudar, aliás, eu vou te ajudar! Eu quero te ajudar! Mas agora você tem que me ajudar a te ajudar."

"Soldado, se você quer rir, tem que fazer rir."

Coronel Estevão:
"E eu lá quero saber de numerologia".

Matias:
"O Baiano tem consciência social".
"Qualé, mermão perdeu a noção do perigo?"
"Não me misturo com viciado nem com vagabundo."

E você lembra de mais alguma frase legal? Posta ai embaixo!

-Confira a resenha do livro que inspirou o filme Tropa de Elite aqui!

-Confira as melhores frases do Tim Maia.

Micro-resenha: Elite da Tropa *****



Luiz Eduardo Soares,André Batista,Rodrigo Pimentel

"Elite da Tropa" é bem mais complexo que o filme de José Padilha.
A primeira parte do livro, "Diário de Guerra", lembra mais Tropa de Elite. Fala das incursões do Bope, do treinamento pesado, das missões nas favelas, das cagadas do grupo, da corrupção na polícia. A segunda parte é o filé. "Dois anos depois: a cidade beija a lona", mostra como o chefe da polícia civil do Rio e o capitão corrupto da PM, Santiago, armam um esquema para eleger um candidato com dinheiro do tráfico da Rocinha. Para isso vão criar uma trama para derrubar o comandante-geral da PM. A história é contada através de vários ângulos: traficantes, secretário de segurança, policiais corruptos... E vai mostrando a podridão das instituições brasileiras. Fundamental para entender o buraco em que estamos metidos.

***
Assisti "O Pai ó" hoje também. Bacana e despretensioso, dá uma visão legal do sociedade baiana.

-Confira aqui as melhores frases do filme Tropa de Elite!

12.10.07

Skank x Beatles

Esse vídeo eu produzi, em 2006, época em que eu editava o site da Bizz. Mostra o making of da capa da Bizz com o Skank inspirada no disco Yesterday and Today dos Beatles. O vídeo conta um pouco da história dessa capa polêmica dos moleques de Liverpool. Away!

Bebendo com o Pantera - Conto

Me desculpem as pessoas que acham que post em blog tem que ser curto e direto, mas ultimamente só ando postando textículos e vídeos, então vou tomar a liberdade de colocar aqui esse konto da safra 2007, escrito depois de uma visita de Rodrigo Pantera e Bernardo Santana(ex-membros da saudosa banda punk brega Cuecas Rosas). Quem tiver saco pra ler até o fim será eternamente abençoado por dEUS!
***

Bebendo com o Pantera.
Há tempos não bebia assim, cerveja até a cabeça girar, sem passar mal, como homem mesmo. Sem depressão, nem som alto, sem aquecer para trepar. Só eu e um camarada rodando os botecos da Augusta atrás da cerveja mais barata de São Paulo. Tinha começado depois do show do Mudhoney, num boteco do Butantã: 3,40 a Skol e a Brahma. Bebemos pouco, só até o Lúcio sair passando mal e o Titi quase dormir na cadeira. No sábado toquei com o Bernardo à tarde inteira e à noite fomos pra um boteco da Augusta. R$ 3,50 a garrafa. Chorava de rir com cada besteira que o Pantera dizia. O Bernardo pediu um “x-tudo” com calabresa, ovo, queijo, hamburguer e outras milongas mais. Parecia bom. Pedi um pra mim, deu meia hora e a barriga se revoltou, travei o cu, mas o gás quente saiu. Corri pro banheiro do boteco: ocupado. Três quarteirões até minha casa, correndo sem abrir muito as nádegas. Passei pelas putas que ocupavam a escada de casa. Abri a tranca quebrada de primeira, passei correndo pelos designers que moram comigo: Gabriel e Lacaz.
_Ta com pressa, hein, Ernesto?
Barro na louça. Destruo o banheiro. Alivio imediato. De volta pro bar e do bar para um aniversário num fliperama da Augusta. O Pantera parece uma criança, ganhando de todo mundo no Street Fighter. Muita gente: jornalistas, designers, fotógrafos. Modernos, em sua maioria brancos, bêbados, felizes naquele pequeno orgasmo eletrônico. Muitas mulheres. Minha namorada está no sul. Bêbada. Saiu de um “open house” no apê da amiga pra uma balada às 3:30 da manhã. Chegou em casa às 6 horas. Minha namorada está no sul, mas as amigas estão aqui. Todos meus amigos estão namorando, até mesmo o Renato que mal se comunicava pelo msn e faz pose de durão. A mina dele canta e criou um personagem de quadrinhos. Par perfeito. 2:30h, convoco Bernardo e Pantera pra sair fora. A festa já deu no saco. Tem no mínimo quatro minas que eu já peguei, mas to sossegado. Saudades da “patroa”.
Vamos até um lugar que serve pedaços de pizza e eu me perco no meu bairro. A Sweet Smell me liga carente, o namorado saiu fora e a deixou na mão de novo. Encontra a gente, me abraça. “Ok, baby, nosso tempo já passou”. Ela vai embora. Converso com os dois sobre desejo e fidelidade. O Pantera estuda sociais, mas só tira sarro de mim, ele acha que quero uma desculpa pra trair. Não preciso de desculpa, mas não é esse meu objetivo. Quero entender até onde somos animais. Vamos pra casa e uma voz grita meu nome na rua: Sweet Smell e sua amiga. Eu abro a janela
_Que música você quer que a gente cante?
_ ?
_Vou cantar uma do Roberto pra você: “Detalhes tão pequenos de nós dois...” É a amiga da Sweet, ela já ficou com o Gabriel.
_?
_Tem comida ai?
_Pão de forma, mas não é meu...
_Pão de forma, Ernesto? Que pobreza!
_Cantem pro Gabriel, vou lá chamar ele.
Vou até o quarto do Gabriel e abro a sua janela. O cara ta mal, amidalite fodida e fazendo frila até de madrugada. Ta desperdiçando o talento, deixando sua arte perdida no tempo. O cara é foda, mas pega muito trabalho pra fazer.
_Vamos na Funhouse, Ernesto?
_To de boa, meninas.
_Olha, Ernesto, seu porteiro ta xingando a gente....
_Ernesto, eu to aqui me humilhando porque você é meu grande amigo, você sabe que eu te amo, né?
Vão embora, o Daniel Galera estava lá junto. O cara escreve bem, queria mostrar meus contos pra ele... Vou ver se a Sweet Smell me arruma o telefone dele.
***
O ensaio nesse domingo foi zicado. O Titi chegou meia hora atrasado porque estava com uma mina. A baqueta da Ana voou 2 vezes durante o ensaio, cordas estouraram, foi bom pra gente ficar humilde. Vamos precisar de um bom tempo de ensaio pra poder tocar ao vivo. Volto pra casa. Pantera me liga para ir num bar, minha ex vai estar lá.
Chego no bar. Skol: três e alguma coisa. Bebo uma. Chega minha ex, um amigo e uma amiga. Não cabe todo mundo sentado. Vamos pra outro. Skol: 3 reais. Esse é o meu templo! A breja mais barata da Augusta, do lado de casa. Discuto com o cara:
_Por que sempre acontece tumulto no show dos Racionais?
_A polícia começou a bater.
_Tinhas uns caras em cima da banca, eles pularam nos apartamentos depois.
_Os apartamentos estavam vazios e isso rolou durante o show da Nação, não no show dos Racionais.
_Cara, dava pra ver que ia dar merda. Eu fui embora bem antes por causa disso.
_Você acha que a polícia está certa?
_Não vou defender a polícia... Mas os caras não precisavam atrasar uma hora e meia o show.
_Eles deram espaço para uns artistas novos se apresentarem. Tava escrito na programação: Racionais e convidados.
_Sei lá, às 3 da manhã, ninguém queria ver os convidados... E o discurso do Brown não ajudou...
_Agora você vai culpar o discurso dos caras? Os Racionais retratam a realidade, mas pregam a paz...
_O Thaíde e o Rappin Hood criticaram a postura do Brown. Essa pancadaria no centro queimou o filme do hip-hop.
_Desculpa, Ernesto, mas não concordo com você... Meninas vamos embora?

Fiquei me sentindo mal. Um branquelo classe média, falando mal de Racionais para um negro da Zona Leste. Cor e classe social não deviam importar nessas horas, mas me senti afinado com o discurso do “medo branco”. Será que estou virando bundão? Virando casaca? O duro é abaixar a cabeça para os discursos sem questionar nada. Tanto de um lado quanto de outro. Não consigo concordar que sempre a esquerda vai estar certa. Parece que tem alguns ícones que você não pode criticar. Fiquei meio bolado e eles foram embora. Chegou uma outra amiga minha, mulata, mas não fã de Racionais. Tomamos mais duas: eu, ela e o Pantera. A galera tava indo embora e o bar estava fechando. Fomos pro bar do “x-diarréia”. Uma breja e um conhaque. Acabou a cerveja de garrafa. Eu e o Pantera fomos pro bar da frente. Skol:.3,70. Pedi duas fichas de uma vez.
_Velho, você não quer fazer teatro?
_Tenho que conciliar com o trabalho, né, Panters?
_Pois, é. Se essa bolsa de mestrado não sair vou ter que arrumar um trampo. Vê se me arruma uns frilas ai...
_To fazendo sua fita lá na editora. Mas acho que a gente vai acabar largando o jornalismo. A gente é bom mesmo em ser palhaço.
_O foda é que a gente escolheu jornalismo achando que ia conseguir se manter, ter um emprego estável, mas se é pra viver mais ou menos prefiro ser artista.
Uma mulher interrompe nossa conversa:
_Boa noite, vão querer uns cigarros naturais? _ Era uma tia de 48 anos. Branca, gorrinho enfiado nos cabelos castanhos, cachecol, agasalho, sacolas.
_Só curto o cigarrinho do diabo...
_Não existe cigarrinho do diabo, isso aqui é cigarro do bem.
_Mas quem disse que o diabo é mal? Quem inventou isso? Lúcifer era um anjo...
_Olha só, chega de papo furado que isso não enche a barriga de ninguém. Tenho que juntar 30 conto pra pagar o hotel que eu e meu filho moramos. Tenho o cigarro que você quer, é metade haxixe.
_Quanto?
_Dez.
_Dez? Ta louca?
_Meu fumo é de primeira, vendo pro Otto, Zezé Di Camargo, vários cineastas. Você não vai se arrepender.
_Pô, nunca paguei tão caro num baseado...
_Esse aqui não é um baseado normal, quer ver? Fuma essa ponta.
Já estava bem torto. Cervejas e cervejas, conhaque. Nem lembrei que estava no meio do bar. Ela acendeu uns incensos e depois o beck. Bateu forte. Demos os dez mangos. Falamos que ela ainda ia ouvir falar da gente:
_Punk brega, a música popular undeground.
Sai correndo com o copo de breja na mão. Frio desgraçado, quase congelando. Entramos em casa: o Gabriel fazia um frila. Chamamos o cara, acendemos o baseado. Nunca tinha fumado nada tão bom. A melhor brisa da minha vida. Chapei, coloquei as meias na orelha e viajei. Comemos dois potes de sorvete, macarrão com calabresa e pizza. 4:30h da manhã de um domingo. Tinha que acordar 9:30h pra trabalhar. E segunda feira tinha mais uma rodada de pinga e cerveja com a banda. Mas ai foi só Skol por 3 reais.

07/06/07

-Pantera também foi comigo pro Fórum Social Mundial em 2005.

6.10.07

Baderna: Programa de humor em Bauru



No final de 2004(terceiro ano de faculdade) tínhamos um grupo na Unesp-Bauru desesperado pra produzir. Estágio só era possível no 4o. ano e mesmo assim o sindicato dos jornalistas marcava em cima. Poucas vagas pra muitos alunos, você tinha que inventar seu espaço. Criamos na época um coletivo de comunicação chamado "Mídia Livre"(nome nada original) e um dos resultados mais bacanas foi o programa Baderna que fizemos durante 3 meses na TV COM - Bauru. A gente fazia tudo: câmera, edição, luz, roteiros, atuação, figurino. Foi uma puta experiência. Deixo ai a abertura do programa e os créditos pra Gabriel Rocha, Rodrigo Lobo, Danilo Lagoeiro, Marcelo Ricciardi, Helô Pisani e Morena Madureira.

Melhores coisas do mundo



No meu trabalho na editora Abril, provavelmente o que eu mais gosto de fazer são os vídeos do site da Mundo Estranho. Nossa última criação foi o "Melhores coisas do Mundo"(programa no qual eu só faço os roteiros) com dois manos apresentando o que existe de mais "fino no mundo". Nosso último programa contou com a participação de "Bruninho Mini-Metal" filho do "motoqueiro,metaleiro, maloqueiro, farofeiro" e webmaster do site da Mundo Estranho, Bruno Bezerra. O moleque conseguiu conquistar a atenção de todos.

Entrevista com João Gordo - parte 1



Entrevista que fizemos(Eu, Bárbara dos Anjos, Artur Louback, Gustavo Heidrich e Felipe Van Deursen) para o site da revista Mundo Estranho.

-Segunda parte da entrevista

5.10.07

Guido deve morrer: meu filme



Eu tenho um filme guardado na gaveta de casa. Pra quando eu for velhinho escreverem: "aos 20 anos fez um filme com seu irmão, Gabriel Rocha. Uma mistura de Tarantino com Hermes e Renato. "
É trash mas me enche de orgulho. Cultura Racional, mistério policial, rock 'n roll, Gabinete do Dr Caligari, tudo filmado com uma câmera high 8 e 50 reais no bolso.
O trailer ta ai embaixo
http://www.youtube.com/watch?v=GB_3IWUHZsE

2.10.07

Micro-resenha1: Hamlet, Príncipe da Dinamarca, William Shakespeare *****


Li “Romeu e Julieta” quando tinha uns 12 ou 13 anos e não me lembro muito das impressões. Fiquei um bom tempo longe do Shakespeare e hoje, dez anos depois, fui ler Macbeth pra variar um pouco minhas leituras que estavam quase 100% “beat + gonzo + literatura marginal”. Achei bom, mas não genial, fiquei com uma pontinha de “mas Shakespeare é só isso” na cabeça... E aí, fui ler “Hamlet”. E não precisei de mais nenhum argumento a favor do careca inglês. Estão lá todas as frases que viraram clichê: “Ser ou não ser”, “Há algo de podre no reino da Dinamarca”, “Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode supor sua vã filosofia”. Está lá todo uma estrutura da busca de vingança que se torna tragédia que foi repetida centenas de vezes depois. Hamlet é o príncipe inconformado que não aceita que sua mãe tenha se casado com irmão de seu pai logo depois do patriarca ter morrido, supostamente picado por uma cobra. Quem irá alertar Hamlet sobre a falsidade da história é o próprio espectro de seu pai em busca de justiça. Na busca por vingança, Hamlet acabará destruindo a família de sua amada Ofélia, provocando uma busca pela “vingança da vingança”, 500 anos antes do filme coreano Old Boy e seu intrincado roteiro de vendeta.

-Assista um trecho do filme Hamlet!

L.S.D.

(Lembrança Sobre as Drogas)
Ontem, eu saí de casa
E esqueci meu cérebro na rua.

TIC-TAC, o maior anão do mundo.

Tic-Tac, tic-tac. O anão. Ah, não! Não cabia mais em seu próprio corpo. Sentia medo, sentia amor, sentia idéias novas e sentia muito.
Tic-Tac, tic-tac. Era o coração do anão batendo. Coração gigante, que já não cabia naquele peitozinho frágil.
Tic-Tac, tic-tac. O maior anão do mundo era o menor gigante também. Um pequeno homem com alma de titã.
Tic-Tac, tic-tac. A cabeça doendo, o sexo querendo. O coração desejando. Era os minutos no relógio , a batida do Carnaval, os tiros no morro.
Tic-Tac, tic-tac. Seu corpo já não agüentava o peso da alma, a força das asas. O espírito queria lhe fugir pela boca. O pequenino o segurava com as mãos. Fechava os dentes para não cuspir o âmago.
Tic-Tac, tic-tac.Caminhava rápido pela rua, virando depressa como sempre. Sentia-se mal, sentia-se...
Tic-Tac, tic-tac. E finalmente aconteceu, como um orgasmo eletrônico. Agora feliz percebeu: crescia sem parar.
Tic-Tac, tic-tac. BUM! Explodiu numa noite carioca o primeiro homem bomba do subúrbio fluminense.
06/02/05.

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