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“Não influenciei ninguém de forma significativa”, afirma Woody Allen no final do livro de entrevistas conduzidas por Eric Lax. “O único conselho em que posso pensar é que só o trabalho conta”. Woody parece reticente em dar qualquer tipo de aula ou lição para as novas gerações(ele provavelmente nunca assistiu “Apenas o Fim” filme brasileiro claramente inspirado em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, ou, então, “Harry e Sally” que deu origem a dezenas de comédias sobre relacionamento). É engraçado, porque todo o livro “Conversas com Woody Allen” é uma grande aula sobre cinema, escrita e processo criativo.
Vamos lá. Todo bom livro é um bom professor, muito melhor do que os que você vai encontrar – na maioria das vezes – nas faculdades. Afinal, quem poderia ter aula de existencialismo com Sartre ou lingüística com Guimarães Rosa? Nessa série de entrevistas, que vai dos anos 70 até o final dos anos 2000(O único filme de Woody que não é comentado é o recente “Vicky Cristina Barcelona”), Eric Lax conversou com Allen, assistiu suas gravações e acompanhou seu processo de edição. Dividiu as conversas, então, em temas: “ A ideia”, “Escrever”, “Casting, Atores e Atuação”, “Filmagens, sets, locações”, “Direção”, “Montagem”, “Trilha Sonora”, e “A Carreira”. Lá está tudo que você queria perguntar ao tio Allen, mas tinha medo de perguntar. Como ele escolhe a ideia que vai filmar? Como ele faz um roteiro? A trilha sonora entra só no final da edição? Além de todos os detalhes do seu método de criação, Woody fala de suas influências (Bob Hope e Ingmar Bergman, entre outros) e de sua filosofia de vida: vivemos num mundo sem deus, onde se nós não nos policiarmos, ninguém vai nos policiar ou punir.
Entre um excesso de autocrítica e pessimismo, Allen conta que seu grande sonho era ser um diretor “sério”, e mostra sua frustração por ser reconhecido apenas como cômico. Vale a pena ler e se deparar com a quantidade de angústia por trás da cara de baixinho-nerd-engraçado.
"Conversas com Woody Allen: seus filmes, o cinema e a filmagem"
Editora Cosac Naify
512 páginas
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Um comentário:
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